Entrevista com Jamie Bernadette
Através das 7 perguntas capitais eu conheci o mundo, literalmente. Consegui conversar com pessoas que eu jamais imaginaria que seria possível. Foi um projeto incrível. São apenas 7 perguntas, mas que fornecem um pequeno mosaico da carreira e paixão do entrevistado (a) pelo cinema.
E hoje, com vocês a atriz Jamie Bernadette.
Boa sessão:
1) É comum lembrarmos com carinho do início da nossa relação com o cinema. Os filmes ruins que nos marcaram, os cinemas frequentados (que hoje, provavelmente, estão fechados), as extintas locadoras de VHS que faziam parte do nosso cotidiano. Você é uma apaixonada por cinema? Conte-nos um pouco de como é sua relação com a 7ª arte.
J.B.: Sim, sou apaixonada por cinema. Eu cresci assistindo muitos filmes de Alfred Hitchcock porque minha mãe é fã. Eu provavelmente já vi "Psicose" umas 15 vezes e "Os Pássaros" da mesma forma. Talvez esses filmes tenham tido uma grande influência no meu amor pelo horror.
M.V.: Para mim, Psicose é o melhor filme do mestre Hitchcock. Me impactou mais que Um corpo que cai ou Janela indiscreta, que são os normalmente escolhidos. Eu acho o filme hipnótico. Ainda mais se assistir em bluray.
2) Muitos adoram fazer listas de filmes preferidos. Outros julgam que é uma lista fluida. Para não te fazer enumerar vários filmes, nos diga qual o filme mais importante da sua vida.
J.B.: Eu diria que o "A hora do pesadelo" original, porque eu era obcecada por ele quando criança e representava as cenas repetidamente. Eu conhecia todos os diálogos e quando minha amiga chegava lá em casa, eu a fazia interpretar "Tina" (sempre fui "Nancy"). Acredito firmemente em manifestar o que você quer em sua vida, então talvez esse filme tenha feito isso comigo desde que comecei a ser a protagonista de tantos filmes de terror.
3) "Doce vingança: Deja Vu" foi outra ótima sequência do original. Qual foi a emoção de trabalhar com Camille Keaton, atriz do clássico de 78?
J.B.: Eu absolutamente amo Camille. Nós nos demos bem imediatamente e somos melhores amigas agora. Eu amei o filme original, então trabalhar com ela foi bastante surreal e ainda parece estranho que isso tenha acontecido.
M.V.: Na sua opinião, qual a diferença entre a violência praticada contra as mulheres nos anos 70 e agora?
J.B.: A violência é praticamente a mesma desde os anos 70, talvez até pior. Acredito que a estatística é de 1 em cada 4 ou 5 mulheres são agredidas sexualmente nos Estados Unidos durante toda a vida. No entanto, o que mudou bastante é que as mulheres não são tão propensas a serem culpadas pelo ataque como eram naquela época. As sobreviventes de estupro costumavam escutar perguntas como: "O que você estava vestindo?" ou "Por que você estava andando sozinha?", o que implica que de alguma forma foi culpa delas.
4) Algumas profissões rendem histórias interessantes, curiosas e às vezes engraçadas. E certamente, quem trabalha com cinema, tem suas pérolas. Lembra de alguma história legal que tenha acontecido durante a execução de algum trabalho seu e que possa compartilhar conosco? Alguma história de bastidores por exemplo…
J.B.: Uma vez, durante as filmagens nas montanhas, um morcego entrou na garagem onde estávamos fazendo uma cena e tivemos que tirá-lo antes que pudéssemos retomar, já que estava voando por toda parte. Parece meio sem graça? Mas não, não foi. Aquele danado do morcego virou o protagonista do dia.
5) Se pudesse, por um dia, ser uma atriz do cinema clássico (de qualquer país) e através deste dia, ver pelos olhos dela, uma obra prima sendo realizada, quem seria e qual o filme? E claro…porque?
J.B.: Eu gostaria de ser Katharine Ross em "Primeira noite de um homem". Eu assisti esse filme pela primeira vez quando eu era caloura no ensino médio e imediatamente o rebobinei e assisti pela segunda vez. Eu amei o filme desde então. Para ser honesta, não consigo identificar exatamente o por que, já que não é um grande filme. Talvez seja por causa do tom do filme, a atuação, a trilha sonora, além de toda a tragédia.
6) Agora voltando à sua área de atuação. Qual trabalho realizado você ficou profundamente orgulhosa?
E em contrapartida, o que você mais se arrependeu de fazer, ou caso não tenha se arrependido, teria apenas feito diferente?
J.B.: Estou profundamente orgulhosa de "The Furnace". Definitivamente, foi o meu papel mais desafiador até hoje e trabalhar com um diretor experiente, o diretor Darrell Roodt (que já foi indicado a vários prêmios), realmente me ajudou a crescer como pessoa e como atriz. Filmar na África do Sul foi um dos melhores momentos da minha vida e conheci algumas das pessoas mais incrivelmente gentis e que agora são também minhas melhores amigas.
Eu já vi o filme terminado e devo dizer que não decepciona. É profundamente comovente e posso ver como isso poderia tocar a vida das pessoas e talvez até mudá-las. Todo mundo que viu não consegue conter as lágrimas; até eu, que assisti duas vezes e sabia o que ia acontecer, á que sou a protagonista e estou em quase todas as cenas do filme, e mesmo assim, não me contive.
M.V.: E arrependimentos?
J.B.: Eu realmente não me arrependo de fazer nada. No início de minha carreira, assumi quase qualquer papel em que conseguiria adquirir experiência e divulgar meu trabalho e, por vezes, esses filmes não se mostraram honestamente os melhores, mas ainda não arrependo de tê-los feito. Todo filme, todo programa de TV, todo comercial, tudo que eu fiz me ensinou alguma coisa ao longo do caminho ou fez uma conexão com alguém, seja uma conexão comercial ou pessoal, que eu não teria sido capaz de fazer. Toda experiência valeu a pena.
7) Para finalizar, deixe uma frase famosa do cinema que te represente.
J.B.: "As coisas que você costumava possuir, agora possuem você." - Clube da luta.
Não sou nada materialista e viajei por todo o mundo. Vi pobreza e desespero e estou lhe dizendo, isso coloca as coisas em perspectiva. Alguns de nós ficam tão envolvidos em possuir coisas, ter dinheiro, etc., que perdemos completamente as coisas bonitas da vida.
M.V.: Obrigado, foi um prazer.
J.B.: Muito obrigado pela entrevista.