Entrevista com Paul Hirsch


Através das 7 perguntas capitais eu conheci o mundo, literalmente. Consegui conversar com pessoas que eu jamais imaginaria que seria possível. Foi um projeto incrível. São apenas 7 perguntas, mas que fornecem um pequeno mosaico da carreira e paixão do entrevistado (a) pelo cinema.

E hoje, com vocês o editor  Paul Hirsch

Boa sessão:


E hoje, com vocês o editor  Paul Hirsch

1)  É comum lembrarmos com carinho do início da nossa relação com o cinema. Os filmes ruins que nos marcaram, os cinemas frequentados (que hoje, provavelmente, estão fechados), as extintas locadoras de VHS que faziam parte do nosso cotidiano. Você é uma apaixonado por cinema? Conte-nos um pouco de como é sua relação com a 7ª arte.

P.H.: Morei em Paris até os 8 anos. Assistir ao cinema americano era uma forma de manter contato com meu país de origem. Através do cinema, eu me apaixonei por viajar para lugares distantes  (Minas do Rei Salomão), para os tempos antigos, (Ivanhoé) e por assistir danças (Sinfonia de Paris) Este último filme eu devo ter visto 20 vezes. Meu pai era pintor, como Gene Kelly, e minha mãe era dançarina, como Leslie Caron. E eu era um americano em Paris. Nunca parei de amar filmes.


2) Muitos adoram fazer listas de filmes preferidos. Outros julgam que é uma lista fluida. Para não te fazer enumerar vários filmes, nos diga qual o filme mais importante da sua vida. 
E  há uma razão para a produção que citar ser destacada?

P.H.: Definitivamente Cidadão Kane. Ele me abriu a mente para pensar no cinema como uma forma de arte.


3) Você foi responsável por alguns dos filmes mais reconhecidos de vários gêneros: na ficção científica (Guerra nas estrelas, Império contra ataca), musical (Footloose), comédia (Curtindo a vida adoidado), thriller (Carrie, Um tiro na noite), ação (Missão impossível). 
O que fez você se interessar pela edição de filmes em primeiro lugar? 

P.H.: Quando visitei uma sala de edições, aquilo me entorpeceu. Fiquei fascinado e queria aprender a lidar com aquilo tudo. Eu estava em um programa da Universidade de Columbia em Paris, e foi lá que assisti ao filme citado na pergunta anterior: Cidadão Kane. Fiquei paralisado. Então, foi o cinema americano aliado à paixão francesa pelo cinema deles, que me fez ter interesse naquilo como profissão. 


E minha entrada foi pelo meu irmão, que produziu e roteirizou "Quem anda cantando nossas mulheres", de Brian de Palma.  Ele insistiu para que o diretor me contratasse para seu próximo filme, Olá, Mamãe!.  Como editei seus próximos filmes, chamei a atenção de certo grupo de amigos, que incluía Scorsese, Spielberg e George Lucas. Chamaram-me para trabalhar em Taxi Driver, mas o estúdio não quis, pois o filme já tinha profissionais na função. Mas logo depois, uma nova oportunidade veio e mudou a minha vida: Guerra nas estrelas.


4) Algumas profissões rendem histórias interessantes, curiosas e às vezes engraçadas. E certamente, quem trabalha com cinema, tem suas pérolas. Lembra-se de alguma história legal que tenha acontecido  durante a execução de algum trabalho seu e que possa compartilhar conosco? Alguma história de bastidores, por exemplo…

P.H.: Vou te contar uma memória acolhedora de quando estávamos gravando "Guerra nas estrelas". Jane, minha esposa, estava grávida de nosso primeiro filho na época. Estávamos num condado que nos acolheu, foram muito receptivos. Fizeram até o chá de bebê para nós além de nos inserirem no círculo de amizades deles. O diretor e sua esposa Marcia Lucas cederam suas próprias acomodações para nos servir. Minha filha nasceu de cesariana e a gentileza e generosidade que recebemos na época foi tão marcante, que jamais experimentei tanto carinho assim.


5)  Se pudesse, por um dia, ser um diretor do cinema clássico (de qualquer país) e através deste dia, ver pelos olhos dele, uma obra prima sendo realizada, qual seria este realizador  e o filme? E claro… por quê?

P.H.: Fellini em A estrada da vida, por ser muito parecido com Cidadão Kane. É uma exploração da profunda solidão dos monstros,  e com uma performance inesquecível de Giulietta Masina.


6) Agora voltando à sua área de atuação. Qual trabalho realizado você ficou profundamente orgulhoso? 
E em contrapartida, o que você  mais se arrependeu  de fazer, ou caso não tenha se arrependido, teria apenas feito diferente?

P.H.: Tive a sorte de trabalhar com diretores talentosos que me concederam uma grande autonomia. Há vários filmes dos quais me orgulho. Entre eles, estão Carrie, Império contra ataca, Footloose, Curtindo a vida adoidado, Antes só do que mal acompanhado e Ray. Mas são muitos os trabalhos os quais me orgulham. Inclusive por um deles, recebi o Oscar que mantenho em minha prateleira desde 1978.

Arrependimento? Um só: lamento ter recusado "Guerra ao terror" para fazer "As duas faces da lei".

M.V.: Mas quem poderia imaginar que a reunião dos astros de "Fogo contra fogo" seria tão sonolenta? Eu, que sou particularmente muito fã dos dois atores, não consigo entender aquelas interpretações tão fracas e sem vida. 


7)  Para finalizar, deixe uma frase famosa do cinema que te represente.

P.H.: Fácil? Você chama isso de fácil!? - Han Solo em Guerra nas estrelas. 

M.V.: Obrigado Paul. Foi uma honra.

P.H.: Eu sei

 

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