Entrevista com Russell Mulcahy


Através das 7 perguntas capitais eu conheci o mundo, literalmente. Consegui conversar com pessoas que eu jamais imaginaria que seria possível. Foi um projeto incrível. São apenas 7 perguntas, mas que fornecem um pequeno mosaico da carreira e paixão do entrevistado (a) pelo cinema.

E hoje, com vocês o diretor Russell Mulcahy


Boa sessão:


1) É comum lembrarmos com carinho do início da nossa relação com o cinema. Os filmes ruins que nos marcaram, os cinemas frequentados (que hoje, provavelmente, estão fechados), as extintas locadoras de VHS e DVD que faziam parte do nosso cotidiano. Você é um apaixonado por cinema? Conte-nos um pouco de como é sua relação com a 7ª arte.

R.M.: Minha relação com o cinema sempre foi de amor. Até os filmes ruins foram abraçados. Crescendo em uma pequena cidade costeira na Austrália dos anos 60, éramos mimados com 5 cinemas e um drive in.. Havia o Roma, um cinema de nível único, famoso por ratos correndo nas poltronas à sua frente, The Strand, um cinema de dois andares com uma escadaria íngreme aterrorizante para o nível superior e um porteiro de cabelos oleosos que dava um tapa na nossa cabeça para ficarmos quietos, The Regent, muito elegante, 2 andares, baias e lounge e os recepcionistas, todos usavam penteado de chapéu de abelha branco, The Crown, que se dizia ser o maior cinema do hemisfério sul, tinha barracas, círculo médio e círculo superior ... sim, 3 níveis.
Era enorme e os filmes de 70 mm ficavam ótimos lá! e, finalmente, The Civic, onde vi meu primeiro filme de terror (filmes de terror foram proibidos na Austrália até meados dos anos 60) e o drive in onde provavelmente vi o filme mais importante da minha vida (que direi qual é na pergunta 3).


2) O que desencadeou seu desejo de se tornar um diretor de cinema?

R.M.: A influência dos cinemas citados na resposta anterior. Foi maravilhoso poder subir na sala de projeção e testemunhar a magia da exibição do filme e assisti-lo pela janela do projetor. Esses edifícios eram meu lugar seguro, meu lugar de passagem, meu palácio de sonhos.

M.V.: Me lembrei de algumas cenas do filme Cinema Paradiso.

R.M.: Sim. Foi bem assim.


3) Muitos adoram fazer listas de filmes preferidos. Outros julgam que é uma lista fluida. Para não te fazer enumerar vários filmes, nos diga qual o filme mais importante da sua vida.

R.M.: Acho que o filme mais importante da minha vida foi o que vi em um drive in, "Simbad e a Princesa". Eu tinha 8 anos e quando o Ciclope apareceu, eu sabia que queria ser capaz de criar aquela magia absoluta que vi naquela tela.


4) Algumas profissões rendem histórias interessantes, curiosas e às vezes engraçadas. E certamente, quem trabalha com cinema, tem suas pérolas. Lembra-se de alguma história legal que tenha acontecido  durante a execução de algum trabalho seu e que possa compartilhar conosco? Alguma história de bastidores, por exemplo…

R.M.: Sem histórias. Alguém pode ficar fortemente embaraçado com as revelações (risos).  

M.V.: E como foi trabalhar com Sean Connery em HIghlander? Considero ele um dos grandes atores do cinema


R.M.: Ele era demais. Um grande cavalheiro.

MV.: É verdade que todas as cenas de Sean Connery tiveram que serem filmadas em uma semana, devido à agenda apertada dele?

R.M.: Exatamente.

MV.: E ele apostou com você que não terminariam as filmagens em sete dias, que era o tempo que ele tinha disponível?

R.M.: Sim...(risos)

MV.: Quem venceu a aposta? 

R.M.: Eu... (risos)

M.V.: Houve uma razão para não retornar na direção das sequências? Acredito que seriam bem melhores...

R.M.: (Risos). Bom, apenas decidi seguir em frente. O segundo filme foi muito problemático, e por razões contratuais, tive que engolir o corte final que chegou aos cinemas. 


5) Se pudesse ser um diretor do cinema clássico por um dia, e ver uma obra prima sendo filmada, qual seria o filme.

R.M.: Museu de cera, com Vincent Price.

M.V.: Porquê?

R.M.: Porque foi o primeiro filme de estúdio em 3D.


6) Agora voltando para sua área de atuação. Qual trabalho que você fez que te deixou mais orgulhoso? E em contrapartida, qual seu maior arrependimento?

R.M.: Eu sou muito orgulhoso do meu primeiro filme ‘Razorback’. Provavelmente porque foi meu primeiro e eu o fiz em meu país.

M.V.: Assim como Highlander, Razorback foi um cult movie da era VHS. Amo os dois.

R.M.: Quanto aos arrependimentos, não tive nenhum. Os erros fazem parte do crescimento.


7) Para finalizar, cite uma frase famosa do cinema que representa você.

R.M.: "Apertem os cintos, vai ser uma noite turbulenta", de A malvada.

M.V.: Obrigado amigo. Foi uma honra. 


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