Entrevista com Kenneth J. Hall
E hoje, com vocês o roteirista, diretor, técnico de efeitos especiais e ator Kenneth J. Hall
1) É comum lembrarmos com carinho do início da nossa relação com o cinema. Os filmes ruins que nos marcaram, os cinemas frequentados (que hoje, provavelmente, estão fechados), as extintas locadoras de VHS e DVD que faziam parte do nosso cotidiano. Você é um apaixonado por cinema? Conte-nos um pouco de como é sua relação com a 7ª arte.
K.J.H.: Nossa mãe começou a levar meu irmão e eu ao cinema quando éramos muito pequenos. Não tínhamos nem televisão em casa até o primeiro grau. Foi ótimo escapar para outro mundo dentro de um cinema escuro, não importa o que estivéssemos vendo. Tenho lembranças muito antigas de filmes de terror, fantasia e ficção científica dos anos 60, dos quais gosto particularmente. Revisitar esses filmes hoje é como sair com velhos amigos. Meu cinema de bairro em Jacksonville, Flórida, ainda está de pé, embora tenha sido convertido em um café cristão.
2) Muitos adoram fazer listas de filmes preferidos. Outros julgam que é uma lista fluida. Para não te fazer enumerar várias obras, nos diga qual o filme mais importante da sua vida.
K.J.H.: Nunca consigo nomear um favorito e minha lista está sempre mudando realmente. Lembro-me de ficar muito animado com o relançamento de Fantasia da Disney. Não era apenas visualmente deslumbrante, mas instigou uma apreciação precoce pela música clássica.
Vários filmes alimentaram meu interesse por efeitos de maquiagem como A Lista de Adrian Messenger, As 7 faces do Dr. Lao, e claro, Planeta dos macacos. Os dois últimos receberam Oscars especiais de maquiagem, que só se tornou uma categoria oficial na premiação anos mais tarde.
No início da adolescência, tive uma aula de cinema com ninguém menos que Alfred Hitchcock, que fez uma série de entrevistas com Charles Champlin (crítico de cinema) na PBS. Tendo visto muitos de seus filmes, isso me deu uma apreciação mais profunda de sua técnica cinematográfica.
3) Você é ator, diretor, produtor, técnico de efeitos especiais e roteirista. Qual dessas funções melhor destacou seus desejos profissionais?
K.J.H.: Sou muito satisfeito por dirigir. Também passei a gostar de escrever, pois eu dava forma a um projeto que eu queria fazer. Mas criaturas e efeitos projetados são gratificantes em um nível mais básico, pois posso me orgulhar de uma peça que fiz, mesmo que o projeto não seja muito bom. Portanto, este último é uma realização profissional mais completa por depender basicamente de mim.
4) Algumas profissões rendem histórias interessantes, curiosas e às vezes engraçadas. E certamente, quem trabalha com cinema, tem suas pérolas. Lembra-se de alguma em particular que possa compartilhar conosco?
K.J.H.: Como roteirista / produtor / diretor, houve um momento divertido no set de "The Halfway House". Estávamos prontos para começar a filmar, mas a garota do figurino desapareceu com grande parte do guarda-roupa de Mary Woronov em seu carro. Isso foi antes de todo mundo ter um telefone celular, então tivemos que esperar ela voltar. Eu estava sentado na minha cadeira quando ouvi Mary dizer "Isso é melhor, você não acha?" Eu olhei e ela estava vestindo nada além de sapatos, calcinha branca e um manto externo completamente transparente. Eu fiquei honestamente sem palavras, pois não tinha certeza se ela estava brincando ou não.
5) Se você pudesse ser ator em um filme clássico, qual seria o filme?
K.J.H.: Pergunta difícil, mas eu adoraria ter sido ator em qualquer um dos clássicos do terror da Universal.
6) Agora voltando para sua área de atuação. Qual seu trabalho realizado que te deixou mais orgulhoso? Em contrapartida, há algum que tenha se arrependido ou mesmo faria diferente?
K.J.H.: Fiquei muito feliz com os personagens que criei recentemente para 'Willy's Wonderland: Parque Maldito'. Supervisionei todo o processo de fabricação e estive no set durante toda a filmagem.
Não há nada que eu tenha feito profissionalmente que realmente me arrependa de ter feito. Definitivamente, foi uma trajetória difícil e, embora algumas tenham sido melhores do que outras, todas as experiências tiveram seus benefícios.
7) Para finalizar, cite uma frase famosa do cinema que representa você.
K.J.H.: A frase não é de um filme, (pelo menos eu não acho que seja.) Quando eu estava trabalhando com amigos no estúdio de John Buechler nos anos 80, ganhando salários muito baixos, nosso lema era "A dor temporária, o filme é para sempre!"
M.V.: Obrigado amigo.