Entrevista com Fernanda Novaes
Fernanda Novaes é publicitária, trabalha com fotografia e vídeo, além de escrever para um site de entretenimento e produzir conteúdo sobre cinema para seu o canal “Moça, você é cinéfila?” que criou em 2016. Recentemente atuou em um curta metragem chamado Cão Maior, e que está em processo de finalização na cidade de Poços de Caldas, Minas Gerais, e também acaba de filmar um documentário sobre a região da Pedra Branca em Pocinhos do Rio Verde, também em Minas Gerais.
O sonho e a vontade de trabalhar com conteúdo audiovisual chegou muito cedo, ainda criança quando começou a estudar cinema por conta própria e a fotografar com sua primeira câmera digital. Nunca parou desde então.
Boa sessão:
1) Quando nasceu sua paixão pelo cinema? Houve aquele momento em que olhou para trás e pensou: sou cinéfila!!?
F.N.: Meu amor pelo cinema surgiu na infância. Enquanto outras crianças passavam suas tardes brincando de bola na rua do meu bairro, um bairro bem pacato em Minas Gerais, eu estava geralmente em frente à TV assistindo algum filme do Steven Spielberg (sem nem saber quem ele era ainda). Não recordo bem quantos anos eu tinha ou quando isso começou, mas lembro de que meu pai gostava muito de alugar e comprar filmes de ação, principalmente filmes que tinham como protagonista Sylvester Stallone, Arnold Schwarzenegger, Steven Seagal, Jean Claude Van Damme, Bruce Willis, Tom Cruise, e por ai vai. Meu pai não se importava em me deixar assistir todos aqueles filmes violentos e sangrentos, eu era uma boa companhia pra ele, acredito.
Depois dos filmes ele sempre me falava alguma curiosidade sobre o ator ou sobre o filme, mesmo eu ainda sendo tão pequena e não entendendo muito bem o que ele queria me falar, ele nunca deixava de comentar algo comigo. Mais tarde eu entenderia que, assim como ele, eu também nunca conseguiria não discutir sobre um filme que eu visse.
Passei minha infância toda querendo chegar logo da escola pra poder assistir ao próximo filme que meu pai tinha comprado pra gente ver juntos. Na adolescência eu já sabia que era aquilo que eu queria fazer, ainda não sabendo bem o que eu poderia fazer dentro do universo cinematográfico, mas queria algo que tinha relação com o cinema.
Não houve um momento que pensei que eu era cinéfila, nunca tinha pensado sobre isso, aliás. Eu assistia exageradamente a muitos filmes e por isso acabei ficando conhecida na escola, e posteriormente na faculdade, como uma pessoa para outras pessoas pedirem sugestões de filmes. Ouvi (e ainda ouço muito) a frase “Fer, me indica um filme pra ver hoje?”
2) Coleciona filmes, cds ou algo relacionado à 7ª arte? Quem curte cinema, costuma ter suas relíquias em casa...
F.N.: Sim, costuma, mas acredito que não seja uma regra. Eu amo cinema assim como vários colecionadores de filmes, mas nunca pensei em colecionar filmes físicos ou livros físicos; até tenho alguns, mas não tenho com a intenção de colecionar. O que eu posso dizer sobre coleção que eu tenho (ou que pode ser considerada uma), são ingressos de cinema. Tenho duas caixas médias completas com muitos ingressos dos mais variados cinemas, das mais diferentes cidades que já fui. Até meus amigos sabem que eu guardo, e quando vou com algum para o cinema, ele já separa pra eu guardar.
M.V.: Também guardo os meus há umas duas décadas.
3) Você tem um canal no youtube que fala de cinema (e com um título super sugestivo!!!). Como nasceu esta ideia? E o que te motiva a continuar?
F.N.: Eu sempre gostei muito do YouTube por ter um vasto acervo de conteúdos dos mais diferentes temas que são totalmente disponibilizados de forma gratuita, e que pode, muitas vezes, ajudar estudantes ou até mesmo, apenas livrar alguém de alguma dúvida. Pra mim o YouTube sempre serviu como inspiração. Sempre gostei muito de audiovisual, então a plataforma me servia pra eu ficar admirando e me inspirando nos videoclipes musicais que eu tanto gostava (uma segunda paixão depois do cinema, inclusive).
Não acompanhava muitos desenvolvedores de conteúdos, ficava apenas nos videoclipes. Uma vez me deparei com a Lully, uma desenvolvedora que também fala sobre cinema. O vídeo era algo sobre um curso que ela fez na NYFA, uma escola de cinema em Nova York. Vi mais tarde, outros vídeos mais antigos dela. Os temas, os entrevistados...
Tinha uma galera legal que gostava tanto de cinema quanto eu. Foi um bocado de coisas que me influenciaram a abrir o canal e ter coragem pra falar diante da câmera pra sei lá quantas pessoas que poderiam ver aquilo.
A minha paixão por cinema e a vontade de passar conhecimento e ao mesmo tempo adquirir ainda mais, conhecer pessoas que gostam tanto quanto eu, compartilhar e enaltecer algo que me influenciou a ser o que sou hoje, além de tantas outras coisas.
4) Houve alguma experiência dentro do universo cinematográfico que mais te marcou?
F.N.: Quando comecei a faculdade de comunicação em Poços de Caldas, conheci muitas pessoas apaixonadas por cinema. Essas pessoas são meus amigos hoje em dia. Dentro da faculdade já tinha participado, e até mesmo feito alguns conteúdos audiovisuais. Mas foi fora dela que eu acabei participando de um curta-metragem de drama, com uma história muito pesada, triste e forte. Foi uma experiência incrível e ao mesmo tempo muito difícil. Foi a primeira vez que atuei em um papel muito complicado, até mesmo por que eu uma das cenas tive que ficar nua.
M.V.: Legal. Imagino que tenha sido uma experiência bem difícil mesmo.
F.N.: O curta foi roteirizado a partir de uma poesia de um escritor de Poços. E fala sobre abuso de uma criança que sofre até quando fica um pouco mais velha, adolescente... tem uma cena que fico com a parte de cima nua, mas não aparece, por que abraço o personagem que é o meu “pai” no curta.. mas foi bem estranho sim, mas encarei por que acreditei no curta e que ele poderia ficar bem bacana..
5) Existe uma lista dos "filmes da sua vida"? Ou pelo menos, uns 10 que tenham marcado você...
F.N.: Listas! É quase impossível pra eu fazer listas dos melhores filmes ou os que mais me marcaram, é quase uma tortura, mas vamos lá, farei uma lista, porém sem ordem.
1-Alien, o oitavo passageiro; 2-Nosferatu; 3-Psicose; 4-Frenesi; 5-Tubarão; 6-Trilogia Senhor dos Anéis; 7-O Iluminado; 8-2001 – Uma Odisseia no espaço; 9-Melancolia; 10-Seven – Sete Pecados Capitais; 11-Cidade dos Sonhos; 12-O Encouraçado Potemkin; 13-Interestelar; 14-Império contra ataca; 15-Cemitério Maldito; 16-Os sete samurais; 17-Ladrões de bicicleta; 18-Cidade de Deus; 19-Fale com Ela; 20-Má educação; 21-Medianeiras; 22-Os segredos dos seus olhos; 23-Central do Brasil; 24-Deus e o Diabo na Terra do Sol; 25-Carandiru...
M.V.: Listas costumam ser o terror dos entrevistados
F.N.: Foram os que eu lembrei agora, mas com certeza se eu fizer outra lista vão sair filmes diferentes (risos).
6) Fale um pouco sobre os seus próximos projetos...
F.N.: Um projeto de curto prazo é criar uma série de documentários e a abertura de uma produtora. Já trabalho com fotografia e vídeo, mas ainda não chega a ser uma produtora completa. Essa produtora estará embutida em um projeto de longo prazo que tenho em parceira com meu namorado e alguns outros educadores, que é o desenvolvimento de uma escola infantil, com um ensino muito similar ao ensino Montessoriano e a pedagogia Waldorf. A pintura, a fotografia, a música, o teatro e todas as outras artes que compõe o cinema fará parte do ensino dos alunos.
7) Para finalizar, se pudesse deixar uma lição do tempo que se dedica ao cinema, qual seria?
F.N.: Não faça absolutamente nada esperando primeiramente o reconhecimento. Faça primeiro por amor e pela experiência, principalmente. O reconhecimento é consequência, e ele pode vir cedo ou tarde, mas o mais importante é o que fica que é a experiência, o conhecimento adquirido com o que você se propõe a fazer. Faça até o final! Termine algo!
M.V.: Obrigado e sucesso na sua caminhada.