Entrevista com Rutanya Alda

Rutanya Alda trabalhou em muitos filmes importantes como Pat Garrett e Billy the Kid (1973), O Pirata Escarlate (1976), A FĂșria (1978), O Franco Atirador (1978), este Ășltimo inclusive, Ă© um dos filmes da minha vida. Fez tambĂ©m Espantalho (1973), MamĂŁezinha Querida (1981) para citar mais alguns...porĂ©m foi com Terror em Amityville (1982) que eu a conheci na telas. Ela fez o papel da mĂŁe da famĂ­lia Montelli, que Ă© assombrada no filme. 

Rutanya nasceu  Rutanya Skrastina em Riga, na LetĂłnia. Foi casada durante quase 30 anos com o ator Richard Bright, que morreu tragicamente atropelado por um ĂŽnibus de turismo em Manhattan. Bright, para quem nĂŁo se lembra, teve uma longa carreira no cinema, e fez dentre muitos papĂ©is, a trilogia "Poderoso chefĂŁo". Ele era o guarda costas do Micheal Corleone .

Confira nossa entrevista:


1) Como vocĂȘ começou a trabalhar na indĂșstria do cinema?

R.A.: Eu comecei a trabalhar na indĂșstria cinematogrĂĄfica no final dos anos 60. Fiz uma estudante do ensino mĂ©dio em um filme com Sandy Dennis chamado "Subindo por onde se desce". Esse foi o meu primeiro trabalho como figurante. Trabalhei nesse filme por cerca de duas semanas. Depois, fui dublĂȘ de corpo no filme "BebĂȘ de Rosemary", com Mia Farrow, dirigido por Roman Polanski. Eu fiquei no filme por 6 semanas. A partir daĂ­, trabalhei no Hello Dolly com Barbra Streisand e o fabuloso Gene Kelly dirigindo. Hoje eu estou escrevendo sobre meus primeiros anos como atriz e contarei histĂłrias mais detalhadas no meu livro "O diĂĄrio da MamĂŁezinha querida", no capĂ­tulo um.

2) Qual experiĂȘncia do seu tempo dedicado Ă  arte que vocĂȘ nunca esqueceu?

R.A.: Isso Ă© muito difĂ­cil de dizer, uma vez que cada experiĂȘncia Ă© Ășnica e valiosa. HĂĄ destaques na carreira como trabalhar para Brian de Palma em seus primeiros filmes e o grande Michael Cimino no "Franco atirador". Mas cada experiĂȘncia tem seu valor Ășnico.

3) Qual trabalho de sua carreira vocĂȘ considera o melhor?

R.A.: Novamente considero cada trabalho valioso. Muitas vezes a melhor parte é cortada na sala de edição e não é vista, mas a memória o trabalho ainda estå muito viva, mesmo anos depois.

4) "Amityville 2 - a possessĂŁo" Ă© um "cult movie" e meu preferido da sĂ©rie. VocĂȘ pode me contar algumas curiosidades sobre esta produção?

R.A.: Eu escrevo sobre trabalhar com Damiano Damiani justamente no primeiro capĂ­tulo do meu livro. Adorei trabalhar com Damiano. Eu acho que ele fez o filme o melhor. Ele teve sua prĂłpria visĂŁo das complexidades da histĂłria e Ă© por isso que penso que o filme se mantĂ©m hoje como um dos melhores "cult movies" de terror. NĂłs filmamos o exterior da casa em Toms River, New Jersey e todos os interiores na Cidade do MĂ©xico, nos estĂșdios Chirubusco. Os funcionĂĄrios mexicanos foram fantĂĄsticos. ConstruĂ­mos toda a casa dentro daquele grande estĂșdio. O diretor falava inglĂȘs, mas sua equipe era italiana e nĂŁo falava. EntĂŁo, tivemos um tradutor de italiano para espanhol e espanhol para o italiano ... e o tradutor em inglĂȘs tambĂ©m. EntĂŁo, realmente teve uma sensação internacional.

Adorei trabalhar com Burt, Diane e Jack, e James. Todos foram Ăłtimos para trabalhar, muito profissionais e adorĂĄveis. O filme, em muitos aspectos, estava Ă  frente de seu tempo ... a cena de semi nudez com Diane foi cortada pois era a cena de abuso quando Burt, possuĂ­do, a  estuprava violentamente. Hoje talvez eles o deixassem entrar, mas quando eles testaram o filme naquela Ă©poca, a plateia ficou profundamente incomodada com a minha cena com Burt e eles cortaram. E houve um enorme incĂȘndio no estĂșdio, bem perto de nĂłs, quando o filme e todo o estĂșdio foram destruĂ­dos. Tivemos que parar de filmar naquele dia. Mas eles controlaram e voltamos. 

5) VocĂȘ assiste muitos filmes? HĂĄ uma lista de filmes que vocĂȘ mais gosta? Algo como um top 10...

R.A.: Isso Ă© muito difĂ­cil para mim. Eu vejo todos os filmes porque sou membro da Academia de Artes e CiĂȘncias CinematogrĂĄficas. NĂłs nomeamos e votamos nos Óscares. EntĂŁo eu vejo tudo ao pĂ© do ouvido. Os filmes estrangeiros sĂŁo meus favoritos. Eu acho que eles sĂŁo Ășnicos e originais ao lidar com a condição humana. Adoro filmes como "Eu,  Daniel Blake", "Um homem chamado Ove" e "Terra das minas" eram filmes estrangeiros que me interessavam de maneira real. e o filme "A criada” foi um dos meus favoritos dos Ășltimos tempos.  Eu votei nele para  melhor filme.

6) Agora fale um pouco sobre os seus prĂłximas projetos.

R.A.: Eu estou preparando algumas coisas, vamos ver se funciona. Eu também estou escrevendo agora, como dito acima.

7) Para finalizar, deixe uma lição valiosa de sua vida dedicada ao cinema.

R.A.: Eu acho que o Ășnico conselho que tenho Ă©: siga a sua paixĂŁo. Tem que ser uma forte paixĂŁo caso contrĂĄrio, este Ă© um "negĂłcio" muito doloroso, e nĂŁo me refiro Ă  arte, mas o negĂłcio. É muito difĂ­cil para ganhar a vida, portanto os atores e atrizes aqui sempre tĂȘm outro trabalho.  Mas quando vocĂȘ termina um filme ou uma peça de teatro, vocĂȘ estĂĄ sempre desempregada, sempre fora do trabalho e Ă© muito difĂ­cil. Os atores e atrizes vivenciam isso, bem como outras funçÔes diretores, etc. ... EntĂŁo Ă© bom ser realista. Eu acho muito importante que  estudem o tempo todo quando nĂŁo estĂŁo atuando ... Isso melhora seu ofĂ­cio e o mantĂ©m vivo de forma criativa. NĂłs sempre crescemos e Ă© importante crescer nĂŁo apenas como um artista, mas como um ser humano... Precisamos nos tornar humanos melhores e mais compassivos. Nosso trabalho e nossa vida estĂŁo relacionados.

M.V.: Obrigado pela atenção. A gente se vĂȘ nos filmes.

R.A.: Tudo de bom para vocĂȘ!

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