Entrevista com Paulo Gustavo Pereira

Nossa vítima de hoje é o cinéfilo Paulo Gustavo Pereira. Formado em Jornalismo, trabalhou no Jornal da Tarde, Folha de São Paulo, Estadão e Jornal do Brasil e foi diretor de redação da revista Sci-Fi News. Na televisão, passou pelas emissoras Rede Tupi, Rede Globo, Rede Bandeirantes, Record, Rede Manchete e Cultura, como assistente da redação, repórter, editor e chefe de reportagem. No SBT, dirigiu as transmissões da festa do Oscar. Repetiu a dose no canal TNT, direto dos estúdios da emissora em Atlanta/EUA.

E hoje, Paulo é nossa vítima;

Boa sessão:


1) Quando nasceu seu amor pelo cinema? Houve aquele momento em que olhou para trás e se descobriu um cinéfilo!!?

P.G.P.: Eu tinha pouco mais de cinco anos de idade e morava em Brasília. Minha memória registra um evento que aconteceu no teatro nacional onde exibiram o trailer de um filme que décadas depois descobriria ser uma versão italiana de As Aventuras do Ladrão de Bagdá, estrelada por Steve Reeves, em 1961. Aliás, assisti a esse filme na televisão e descobrir que minha imaginação era melhor do que o filme.

Mas o que determinou mesmo meu amor ao cinema, independente dos filmes e desenhos que via na TV, foi ser levado para assistir 20.000 Léguas Submarinas, no antigo cinema Astral, que funcionava no bairro do Sumaré, onde morava. Fiquei fascinado com aquelas imagens gigantescas, a luta do polvo, o Nautilus cruzando o mar sob a água. Anos depois, comprei uma edição especial em DVD que continha para minha alegria, um episódio do programa Disneylândia, que mostrava os bastidores do filme. O mesmo programa que assisti meses depois de ver o filme.

Acho que isso me define como cinéfilo...

2) Coleciona filmes, CDs ou algo relacionado à 7ª arte? Quem curte cinema, costuma ter suas relíquias em casa... 

P.G.P.: Desde cedo, sempre gostei muito das trilhas sonoras de filmes. Comprei várias quando comecei a trabalhar ainda adolescente, habito que continuo até hoje. Tenho dezenas de trilhas em CD e digital. 

Com a chegada do VHS comecei minha videoteca que hoje é uma DVDteca, com mais de mil filmes que selecionei ao longo da vida e que considero filmes para rever. É claro que minha especialização em séries é maior. 

Gosto de memorabilia mas não tenho nenhum grande item a não ser pins de filmes, peças promocionais de alguns deles, como a máscara de V de Vingança, os carros de 007, algumas action figures dos personagens da DC, e claro, algumas peças relativas a Batman e Jornada nas Estrelas.

3) Hoje vivemos o boom das séries de TV. A todo momento surgem 5 ou 6 para o cinéfilos consumirem, principalmente nos streamings. Mas há alguns anos não era assim. Lembro que havia poucas opções, principalmente nos anos 80 e 90, possibilitando a nós acompanharmos todas. Quando surgiu sua paixão por séries, que o motivou inclusive a fazer seu excelente almanaque? 

P.G.P.: O que aconteceu no passado é que a programação brasileira de TV ficou restrita ao seu próprio conteúdo, deixando as produções estrangeiras muito fora da grade de programação, a não ser os desenhos animados dos programas infantis. 

Eu sempre gostei de seriado desde a infância. Mas o que foi o diferencial foi a entrada dos novos canais dentro da TV por Assinatura. De repente, nos anos 90, tive acesso a dezenas de novas produções dentro da grade de canais como Sony, Warner, Fox, Multishow. 

Por isso acabei decidindo tirar da gaveta um projeto que comecei nos anos 80, de um livro sobre seriados. Ali, pelo começo dos anos 2000 nasceu o Almanaque dos Seriados.

4) Qual sua experiência dentro deste universo cinematográfico que mais te marcou?

P.G.P.: Ser o responsável pelo Oscar no SBT, nos anos 90. Um colega me convidou para ir para o SBT conversar com Ricky Medeiros, responsável pelas aquisições internacionais da rede. Ele não tinha ideia do que fazer com o Oscar, que ficou dezenas de anos na Globo. Meu amigo Marcos Ramos e eu, produzimos uma série de programetes para a que o público do SBT começasse a entender do Oscar. Foi algo marcante e é comentado na emissora até hoje, especialmente a decisão de transmitir no horário toda a cerimônia.

5) Agora fale um pouco das suas preferências cinematográficas. Quais filmes marcaram sua vida? Existe uma lista, tipo um top 10?

P.G.P.: Eu não consigo fazer uma lista dos melhores da minha vida. Mas posso falar de alguns marcantes que vi nesses anos, especificamente no cinema, para não navegar muito nas lembranças do que vi na TV.

Meu primeiro filme com James Bond foi Com 007 Só se Vive Duas Vezes, que se tornou o meu preferido até hoje. Adoro Cantando na Chuva por que é um musical com um texto leve de comédia romântica e momentos épicos do fim de uma era, o cinema falado dominando o mudo. 

Tem o primeiro filme de super-herói de quadrinhos que não era nada disso, mas tinha o pique que muito filme de hoje deveria ter, Darkman – Vingança sem Rosto.

Tem uma miscelânea de rock ‘n’roll que é Ruas de Fogo. Guerra nas Estrelas (Han Atira Primeiro) e depois Jornada nas Estrelas no cinema. O grande Indiana Jones e a imaginação de Steven Spielberg. O exterminador de Cameron com o Alienígena de Ridley Scott. As animações da Disney, a Pixar e os que vieram depois... Os Sete Samurais e Sete Homens e um Destino. Hitchcock e Brian De Palma.

E o filme que considero a essência do cinema: Rastros de Ódio (The Searchers)

6) Há algum projeto em vista que possa compartilhar conosco? Ou mesmo, algum que esteja trabalhando agora... 

P.G.P.: Estou trabalhando para lançar uma enciclopédia das séries e atualizar o Animawq – Almanaque dos Desenhos Animados, que parou em 2010.

M.V.: Mal posso esperar...

7) Para finalizar, deixe uma lição do tempo que se dedica à arte.

P.G.P.: Entre no cinema e veja o filme. Desligue o celular e ligue seu cérebro. E depois, assista o DVD ou blu-ray, ou mesmo, um canal streaming ou video-on-demand. Acima de tudo, divirta-se.

M.V.: Obrigado amigo. Sucesso. 

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