Entrevista com Marco Dutra
Marco Dutra é um cineasta e compositor. Seu primeiro longa, Trabalhar Cansa, parte da parceria com Juliana Rojas, estreou na mostra Un Certain Regard do Festival de Cannes em 2011. “Quando eu era vivo (2014)” estreou no Festival de Roma e ”O Silêncio do Céu (2016)” estreou mundialmente na Netflix após passar por festivais como Tóquio, Huelva e Gramado. El “Hipnotizador (2017)”, da HBO, foi sua primeira série de TV como diretor. ”As Boas maneiras” novo longa da parceria com Juliana estreou 2017 e arrebatou a crítica especializada..
Dutra hoje é nossa vítima das 7 perguntas capitais. Confira como foi.
1) Nem sempre quem faz cinema, é uma pessoa apaixonada por filmes. Você curte cinema, costuma ir com frequência, compra filmes...?
M.D.: Sim, sou apaixonado por cinema desde criança. Meus pais me levavam bastante ao cinema, e eu e meus irmãos não demoramos muito para virar ratos de videolocadora também (no início dos anos 80). Hoje, tenho uma coleção grande de Blu-Rays e vou ao cinema muitas vezes por mês.
2) Conte-nos como começou sua carreira. Como foi a primeira oportunidade de dirigir?
M.D.: Eu fazia vídeos curtos em VHS desde criança junto com meus irmãos e primos, mas meu primeiro trabalho mais profissional aconteceu na faculdade, ao lado da Juliana Rojas - foi "O Lençol Branco", nosso curta de graduação.
3) Seu filme "As Boas Maneiras" está na lista dos melhores filmes de horror da década. Como foi realizar um trabalho tanto singular na história do cinema nacional? Lembra-se de alguma situação curiosa que tenha ocorrido no set, por exemplo?
M.D.: Eu e Juliana sabíamos desde cedo, desde a ideia, que este filme seria uma fantasia. Deixamos nossa imaginação correr solta durante a escrita, e somos muito gratos por temos conquistado parceiros tão importantes nessa empreitada. É o caso do diretor de fotografia Rui Poças, do diretor de arte Fernando Zuccolotto, dos músicos Guilherme e Gustavo Garbato, do montador Caetano Gotardo, das atrizes Isabél Zuaa e Marjorie Estiano, do pequeno Miguel Lobo... Sem a confiança de todos os envolvidos o projeto nunca teria saído do papel.
As nossas produtoras Sara Silveira e Maria Ionescu acreditaram muito na ideia, aceitando todas as suas loucuras e surpresas. Sobre o set, lembro-me muito do dia em que filmamos o nascimento de Joel. O bebê em animatrônico feito pela empresa francesa Atelier 69 parecia uma criatura de verdade. Foi lindo ver Isabél Zuaa atuando com o bebê Joel.
4) Qual sua experiência dentro deste universo cinematográfico que mais te marcou?
M.D.: Todos os filmes que fiz me marcaram profundamente. Tenho lembranças fortes de todos os processos. Cito uma delas: o dia em que filmamos a cena final de "Quando eu era vivo" foi um dos momentos mais emotivos da minha vida.
5) Agora, falando de cinema no geral, existe uma lista dos filmes que marcaram sua vida? Um Top 10 ou algo assim...
M.D.: São muitos, é claro. Mas vou citar aqui alguns filmes que são talvez a faísca do meu amor por cinema - as animações da Disney dos anos 30 e 40. Falo especialmente de "Branca de Neve", "Dumbo", "Fantasia", "Pinóquio", "Bambi" e "A Bela Adormecida". Eu via estes filmes repetidas vezes, até decorá-los, e na verdade ainda volto a eles quase todo ano por algum motivo. Eles abriram uma porta para sempre, e hoje meu gosto é variado - eu realmente vejo de tudo. Mas claro que tenho atração especial por filmes fantásticos e de horror.
M.D.: Estou para filmar "Todos os Mortos" em parceria com o Caetano Gotardo. O filme narra a relação entre duas famílias em 1899, em São Paulo.
7) Para finalizar, se pudesse deixar uma lição do tempo que se dedica à arte, qual seria?
M.D.: O cinema é uma arte coletiva, e estamos todos aprendendo, o tempo todo. Filmar é aprender.
M.V.: Obrigado amigo. A gente se vê nos filmes.