Entrevista com Gerson Couto
Gerson Couto é escritor, bailarino e ator. Nasceu em Santos, São Paulo e cresceu em João Monlevade, Minas Gerais. Autor dos livros "Hemisfério-Dorso", "3355 Situações Que Você Deve Saber Para Não Morrer Como Nos Filmes de Terror (prefaciado pelo cineasta José Mojica Marins)", "Gretchen – Uma Biografia Quase Não Autorizada (numa parceria com Fábio Fabrício Fabretti)" e com participação em antologias, colabora para outras mídias como o site Dito Pelo Maldito onde escreve sobre filmes de terror e também seu blog, Quando o Escritor Para de Escrever.
Formado em Dança pela UFRJ, realizou diversos trabalhos como bailarino em comissões de frente de escolas de samba, Paradas Disney Brasil, Prêmio da Música Brasileira e desde 2012 compõe o balé masculino do programa Amor & Sexo na Rede Globo, apresentado por Fernanda Lima. Atuou no documentário Sin Quartel, dirigido por Alan Tomlinson além de uma breve participação num episódio da websérie americana Children’s Hospital. Realizou trabalhos fotográficos com o lituano Renonas Maknys, o chileno Alvaro Riveros e o brasileiro Fábio Pamplona.
Atualmente está sendo apresentado ao mercado americano por ser um dos protagonistas dos livros Men Around the World e Rio, do fotógrafo AJ Paris. E hoje é nossa vítima. Confira:
1) Quando nasceu sua paixão pelo cinema? Houve aquele momento em que olhou para trás e pensou: sou cinéfilo!!?
G.C.: Minha primeira lembrança de um filme é a do Gremlins. Eu tinha quatro anos de idade e assisti com a minha família. Não me lembro se entendi a história, porém fiquei louco pelo absurdo que as criaturas causavam e o assisti muitas vezes. Os primeiros filmes que aluguei numa locadora, já morando em João Monlevade – MG, foram Super Xuxa Contra o Baixo Astral e A Noite Dos Mortos Vivos, do George A. Romero. Eu sempre amei assistir filmes, assim como ouvir música. Recortava críticas das revistas que podia e as colava em cadernos. Aos 11 ganhei dos meus pais, de aniversário, a assinatura da extinta Revista Set. Eu tinha uma vida de menino: Ia à escola, brincava na rua, tinha amigos, andava de bike, porém sempre tirava um tempo para ler, ouvir música e assistir filmes.
Já passei poucas e boas por causa da minha paixão pelo cinema. Foram meses com medo do escuro por causa de Poltergeist. Assisti sozinho, com 11 anos, Laranja Mecânica e fiquei bastante impressionado. Assisti Instinto Selvagem com meus pais e eu quis morrer, devido às cenas de sexo. Ninguém falava nada na sala, Gremlins, Labirinto com David Bowie, Perfume de Mulher com o Al Pacino talvez foram alguns dos filmes que eu mais aluguei na minha infância. Sempre amei assistir filmes e isso não se perdeu ao longo dos anos.
2) Coleciona filmes, cds ou algo relacionado à 7ª arte ? Quem curte cinema, costuma ter suas relíquias em casa...
G.C.: Eu guardava tudo que caía nas minhas mãos que fosse relacionado ao cinema, independentemente do que fosse. Hoje eu continuo comprando DVDS e cds das trilhas sonoras. Eu gosto tanto de alguns compositores que às vezes tenho a trilha muito antes de assistir o filme.
3) Recentemente você começou um canal do youtube, o "Terror na Tela". O que te motivou a iniciar esta empreitada? E porque o horror?
G.C.: Terror sempre foi meu gênero preferido desde quando me entendo por gente. Apesar de já ter escrito um livro sobre filmes de terror, eu queria fazer algo mais atual, mesmo já escrevendo sobre filmes de terror no site Dito Pelo Maldito. Acredito que o terror merece uma abordagem mais informativa e menos cômica, pois é facilmente marginalizado, além de exaustivamente usado de forma rasa e em forma de piada. Existe um universo riquíssimo dentro do gênero que na medida do possível eu quero apresentar de forma acessível para fãs e aqueles que não têm nenhum conhecimento sobre o gênero. O Terror Na Tela é um convite para um bom papo sobre filmes de terror.
Eu estava trabalhando em alguns roteiros na produtora Salsa Studio, no Rio de Janeiro e sempre indicava vários filmes de terror por pessoal. Daí eles se empolgaram, trabalhamos juntos e assim nasceu o canal.
4) Qual experiência, relacionada ao mundo do cinema, que mais te marcou?
G.C.: Eu tenho vivências muito diferentes dentro desse universo. Sou bailarino do programa Amor & Sexo, apresentado pela Fernanda Lima, na Rede Globo, desde 2012. Fui um dos protagonistas em dois livros fotográficos lançados nos Estados Unidos e ganhei o prefácio do José Mojica Marins para o meu segundo livro publicado: 3355 Situações Que Você Deve Saber Para Não Morrer Como Nos Filmes de Terror. Ahh, também tem a biografia autorizada da Gretchen com o Fábio... Tudo que fiz até agora, desde a publicação do primeiro livro, Hemisfério Dorso, me marcou. Eu tenho um carinho enorme por cada um desses trabalhos. Na verdade tudo isso é só o início.
5) Cinéfilos tem suas preferências. Existe uma lista dos "filmes da sua vida"? Um Top 10, ou algo assim...
G.C.: Essas listas são complicadas, eu sempre me esqueço de um ou outro. Mas vamos lá, porém impossível colocar em ordem de preferência:
Gremlins – Joe Dante; O Caminho Para Casa – Zhang Yimou; A Vila – M. Night. Shyamalan;Jurassic Park – Steven Spielberg; Labirinto – Jim Henson; Perfume de Mulher – Martin Brest; A Partida – Yôjirô Takita; O Exorcismo de Emily Rose – Scott Derrickson; A Viagem de Chihiro – Hayao Miyazaki; Drácula de Bram Stoker – Francis Ford Coppola; Dona Flor e Seus Dois Maridos – Bruno Barreto; Poltergeist – Tobe Hooper; Em Nome Do Pai – Jim Sheridan; A Bruxa – Robert Eggers; Martin - George A. Romero; Mamma Mia – Phyllida Lloyd; Angst – Gerald Kargl; Na Cama Com Madonna – Alek Keshishian; Eu Matei Minha Mãe – Xavier Dolan
Filme bônus: Cinderela Baiana – Conrado Sanchez (Foi o filme que mais me fez rir em toda a vida. Não resisti... #risadasdemoniacas).
G.C.: Sim, mas eu ainda não posso falar sobre. Aguardem.
7) Para finalizar, se pudesse deixar uma lição do tempo que se dedicou ao cinema, qual seria?
G.C.: O cinema é um convite ao diálogo. Mas para que isso aconteça, precisamos nos desarmar, assistir a obra com o coração aberto e cientes de que estamos mergulhando numa proposta. Então se desarme, não pense na obra como ela deveria ser, mesmo que no final ela não te agrade. Apague a ideia de que cinema é sinônimo de passividade. Às vezes, para entender uma obra, é necessário deixar a pipoca de lado e pensar muito.
Experimente novos diretores, novas formas de contar histórias. Não se trata de substituição, mas de soma. Divirta-se, aproveite todas as coisas boas que os filmes levam para sua vida, se permita ser modificado pelas histórias que te tocam, não se envergonhe caso determinada obra te faça realizar mudanças drásticas em sua vida, isso acontece. E caso você ame loucamente um filme que todos odeiam, não se envergonhe. Não há nada de errado nisso.
M.V.: Obrigado amigo. Sucesso.