Entrevista com André Mattos

Nossa vítima de hoje é André de Mello Tavares de Mattos, mais conhecido como André Mattos.  Foi um prazer imenso conversar com este ótimo ator, que trabalhou num dos filmes nacionais que mais gosto (Tropa de elite 2) fazendo um papel que amo (Fortunato)...É um dos maiores prazeres das "7 perguntas capitais": conseguir conversar com ídolos. 

Mattos fez sua estreia num já distante "Que Rei Sou Eu?", aquela magnífica sátira social, que hoje certamente censurariam... Mas foi em 2002, com O Quinto dos Infernos e seu King João VI que "conheci" seu talento.

E hoje, tenho a honra de compartilhar um pouco de sua história.

Boa sessão: 


1) Nem sempre quem atua no cinema, é um apaixonado por filmes. Você curte cinema?

A.M.: Eu não só faço cinema, como sou um apaixonado por cinema. Eu costumo ir ao cinema 4 vezes no mínimo, por semana. Procuro assistir todos os filmes, de todos os gêneros, de todas as origens. Eu acho que quanto maior for nosso espectro, mais a gente pode se alimentar de ideias, alimentar de diferentes possibilidades de se fazer cinema para que possamos fazer um cinema melhor. Eu amo cinema. Ele é uma aventura maravilhosa.

2) Coleciona filmes, CDs ou algo relacionado à 7ª arte ? Quem curte cinema, costuma ter suas relíquias em casa...

A.M.: Eu tenho uma pequena coleção de filmes em casa, principalmente aqueles que eu participei. Mas para citar números para você, eu não sei. Talvez eu tenha uns mil títulos, por aí. O fato é que hoje em dia com o computador, você pode armazenar estes filmes todos num HD  e chegar a ter 7 mil filmes, 8 mil filmes.

M.V.: Exatamente. Em HD eu tenho uns 6 mil.

A.M.: Em mídia física, em DVD eu tenho em torno de uns 800.

3) Você fez um personagem que amo em "Tropa de elite 2". Aliás, é um dos filmes da minha vida, só para constar.  Mas na época (2010), pareciam meio surreais as soluções do filme, como políticos sendo presos ou apanhando, queimas de arquivo, denúncias abertas de corrupção... Hoje sabemos que foi profético. Na época pensou algo sobre isto?

A.M.: Eu sempre acreditei que um dia a gente viveria isto que estamos vivendo. Este momento político que estamos vivendo...Eu sempre tive esperança que isto um dia fosse acontecer e que sirva para melhorar nossa condição como cidadão, porque afinal de contas, numa democracia, o poder é exercido pelo povo para o povo. Então o bem estar do cidadão é o mais importante em tudo. E todo este processo que sirva para melhorar a condição do brasileiro, principalmente das futuras gerações.

4) Qual sua experiência dentro deste universo artístico que mais te marcou? 

A.M.: Eu faço arte dramática desde que nasci. Meus pais se casaram no teatro "O tablado", no Rio de Janeiro, fundado pela Maria Clara Machado.  Meus pais também foram fundadores do teatro. Então eu convivo com ele desde pequeninho. Dizer a você qual trabalho mais me marcou eu acho que não há como, pois todos me marcaram. Personagens são como filhos, a gente não gosta mais de um ou de outro, gosta de todos. E eu sou muito feliz com minha profissão. Principalmente por estar exercendo há mais de 35 anos. Exercer a atividade que você ama e ser remunerado por isto, poder viver com isto é maravilhoso. É uma benção.

5) Agora sobre cinema em geral, existe uma lista dos "filmes da sua vida"? Tipo um top 10...

A.M.: Esta lista dos 10 filmes é difícil, mas intuitivamente eu poderia citar as comédias do Peter Sellers, os filmes de Martin Scorsese, Francis Ford Coppola, filmes antigos de guerra que eu assistia nas TVs antigas em preto e branco, como a série Combate, Scarface, os filmes que atuam Robert de Niro, Al Pacino, Jack Nicholson, Dustin Hoffman, e uma série de filmes maravilhosos daqueles bem antigos.

6) Há algum projeto em vista que possa compartilhar conosco? 

A.M.: Neste momento estou terminando de finalizar um filme que dirigi chamado On Guard - Estado de Alerta, que vou lançar aqui no Rio em agosto e nos EUA em novembro. Estou aguardando as estreias de Divórcio 190  de Pedro Amorim, Nome da morte de Henrique Goldman que deverá estrear agora no segundo semestre e preparando um projeto para o ano que vem, vou filmar agora nos EUA um curta chamado The Tale of Mary Cotton, que vou dirigir e atuar. É um projeto que faz parte do meu processo de migração, e alguns outros que ainda não estão definidos, mas sempre trabalhando.

7) Para finalizar, se pudesse deixar uma lição do tempo que se dedicou à arte, qual seria? 

A.M.: As maiores lições que aprendi com a arte são: a questão da generosidade e da humildade. O artista que não for generoso e humilde não é um artista. 

E para finalizar eu citaria uma frase de Stanislavsky, que teorizou isto: se o teatro não serve para aprimorar e engrandecer o homem, este homem não serve para o teatro. Teatro, no caso, a arte de atuar. Se você não utilizar a arte para si, aprimorar e se engrandecer, ela não faz o menor sentido.

M.V.: Obrigado pela atenção amigo. A gente se vê nos filmes. 


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