Entrevista com Terence H. Winkless
Através das 7 perguntas capitais eu conheci o mundo, literalmente. Consegui conversar com pessoas que eu jamais imaginaria que seria possível. Foi um projeto incrível. São apenas 7 perguntas, mas que fornecem um pequeno mosaico da carreira e paixão do entrevistado (a) pelo cinema.
E hoje, com vocês o ator, diretor e produtor Terence H. Winkless
Boa sessão:
1) É comum lembrarmos com carinho do início da nossa relação com o cinema. Os filmes ruins que nos marcaram, os cinemas frequentados (que hoje, provavelmente, estão fechados), as extintas locadoras de VHS que faziam parte do nosso cotidiano. Você é um apaixonado por cinema? Conte-nos um pouco de como é sua relação com a 7ª arte.
T.H.W.: Sempre foi um refúgio, desde muito pequeno, um lugar que é simplesmente uma fonte de grande alegria. Quando eu era criança, fomos a um filme chamado "Vikings - Os conquistadores", de 1958, com Kirk Douglas e Tony Curtis brigando pelo amor de Janet Leigh, e com Ernest Borgnine dando as caras. Um filme fantástico dirigido por Richard Fleischer. Curiosamente, fiz um estágio em 1972 no filme "No mundo de 2020" e dirigido por ... De qualquer forma, para não prolongar, eu realmente amei “The Vikings” . Tinha uma música tema muito reconhecível e melódica, da qual me lembro até hoje. Não é todo dia que você se lembra da música de um filme você viu 50 anos atrás, mas eu consigo facilmente. Houve também uma cena muito memorável em que Douglas é punido e fica preso na água enquanto a maré sobe. Muito assustador.
Acho que o próximo filme que me lembro de muito bem é “A Máquina do Tempo” com Rod Taylor, Yvette Mimieux, Alan Young ( o Mister Ed e a voz do Tio Patinhas) . O filme é memorável, claro é o antigo, uma bela adaptação de HG Wells. Eles fizeram um remake com Guy Pearce, que não era nem de longe tão bom quanto o de 1959. Havia algo realmente impressionante nos Morlocks e seus olhos brilhantes subindo na superfície onde os Eloi moravam e os agarrando, embora não esteja claro para mim o que eles fizeram com eles. Comia-os? Sei lá. Mas já faz 60 anos ou mais.
Também nessa mesma época, "Planeta proibido" é outro caso de amor. É irônico, ao olhar para o que escrevi aqui, e pensar que não me considero um cara que gosta especialmente de ficção científica e, no entanto, várias vezes eu cito o gênero nas nossas conversas, para você ver como os filmes de ficção científica são importantes, mesmo que por trás deles, tenha o grande nome de HG Wells.
2) Muitos adoram fazer listas de filmes preferidos. Outros julgam que é uma lista fluida. Para não te fazer enumerar vários filmes, nos diga qual o filme mais importante da sua vida. E há uma razão para a produção que citar ser destacada?
T.H.W.: Eu amo Cidadão Kane, de Orson Welles. Sou um grande fã de um filme chamado “Se”, o épico rebelde da Escola Pública de Lindsay Anderson, estrelado por Malcolm McDowell. Sou um grande fã de " Contrastes Humanos "de Preston Sturges e também sou um grande fã de " Poderoso chefão II ". Eu acho que o filme é realmente melhor que o primeiro Poderoso Chefão.
Mas o filme da minha vida não é nenhum destes. É o Doutor Jivago, que não só me influenciou a querer estar no ramo de filmes, como também minha futura esposa também era uma grande fã do filme, e quando fui à Bulgária para fazer um filme lá (vou falar dele abaixo), foi uma das coisas com as quais mais nos conectamos.
Doutor Jivago é o filme mais impactante para mim. Em 1967, eu estava na faculdade na Southern Illinois University, em Carbondale, e tive um tempo de folga à tarde, e aconteceu que o filme estava passando. Naturalmente, fiquei totalmente impressionado, já que é um filme fantástico, repleto de simbolismos que eu não percebi nas primeiras vezes em que o vi. Por exemplo, Tom Courtenay está lendo a carta do personagem Lara de Julie Christie ao lado da janela à luz de velas e, à medida que as informações vêm à sua mente, a vela queima a condensação como se a condensação estivesse cobrindo a verdade sobre o personagem de Julie Christie. Eu acho que é brilhante, e penso assim desde 1967. Não há espaço para esse tipo de coisa nos filmes de super-heróis. Eu gostei do Homem de Ferro de Robert Downey Jr. ...o resto me deixa com frio na espinha. Me dê um filme de David Lean em qualquer dia que faço melhor proveito.
Então, de fato, foram David Lean e aqueles enormes épicos que ele fez, como Ponte do Rio Kwai, Lawrence da Arábia e o próprio Jivago que me fizeram querer entrar no ramo cinematográfico e, é claro, praticamente ninguém chega perto de fazer filmes como esses mais. Acho que só Lean era capaz de fazer épicos como aqueles.
3) Seu primeiro trabalho como roteirista foi em "Grito do horror (1981)". Já seu primeiro trabalho como diretor foi "Ninho do Terror (1988)". Ambos marcantes filmes de terror. Como foi dar a vida uma obra de Stephen King e qual influência o filme teve em seu primeiro filme na direção?
T.H.W.: O script do filme "Grito de horror" foi baseado em um livro com o mesmo nome - era sobre uma garota aleatória que é atacada por um lobisomem aleatório numa cidade ... nada disso fazia muito sentido, e acho que a razão pela qual eles compraram o livro é que eles gostaram do título, além de ter uma boa produtora. Meu roteiro jogou fora o livro. Joe Dante e Mike Finnell vieram para a casa onde eu morava em Hollywood Hills, e concordamos que o livro era apenas um ponto de partida e não deveríamos realmente prestar atenção ao que havia nele. Meu trabalho era pegar as partes mais interessantes e traduzi-las em algo na tela.
Ele não tem muita semelhança com "Ninho de terror", exceto da seguinte maneira: foi muito instrutivo para mim porque mostrou que você poderia fazer um filme de terror e também ter senso de humor. Isso foi especialmente valioso quando se trata de fazer o filme, porque você não pode levar esse assunto completamente a sério, já você está falando sobre baratas tomando conta da ilha. Eu segui conscientemente o caminho da direção de Joe Dante quando fiz "Ninho de terror", ele me mostrou que você pode ter horror, mas também tem senso de humor.
4) Algumas profissões rendem histórias interessantes, curiosas e às vezes engraçadas. Lembra de alguma história legal que tenha acontecido durante a execução de algum trabalho seu e que possa compartilhar conosco?
T.H.W.: Eu tenho uma história divertida, mas não é obviamente, a mais engraçada do mundo, como pode imaginar pelo meu histórico de (não) ser engraçado. Bom, vamos lá: eu fiz um filme na Bulgária, The Berlin Conspiracy (originalmente intitulado "The Day the Wall Came Down"). Só que tradução do roteiro em inglês para o búlgaro foi muito complicada...Num caso destes de desencontros linguísticos, o roteiro (em búlgaro) pedia um “calhambeque” para uma cena - e “calhambeque” não é um carro de verdade né? Então eu disse que me dessem um carro com "personalidade".
1) É comum lembrarmos com carinho do início da nossa relação com o cinema. Os filmes ruins que nos marcaram, os cinemas frequentados (que hoje, provavelmente, estão fechados), as extintas locadoras de VHS que faziam parte do nosso cotidiano. Você é um apaixonado por cinema? Conte-nos um pouco de como é sua relação com a 7ª arte.
T.H.W.: Sempre foi um refúgio, desde muito pequeno, um lugar que é simplesmente uma fonte de grande alegria. Quando eu era criança, fomos a um filme chamado "Vikings - Os conquistadores", de 1958, com Kirk Douglas e Tony Curtis brigando pelo amor de Janet Leigh, e com Ernest Borgnine dando as caras. Um filme fantástico dirigido por Richard Fleischer. Curiosamente, fiz um estágio em 1972 no filme "No mundo de 2020" e dirigido por ... De qualquer forma, para não prolongar, eu realmente amei “The Vikings” . Tinha uma música tema muito reconhecível e melódica, da qual me lembro até hoje. Não é todo dia que você se lembra da música de um filme você viu 50 anos atrás, mas eu consigo facilmente. Houve também uma cena muito memorável em que Douglas é punido e fica preso na água enquanto a maré sobe. Muito assustador.
Acho que o próximo filme que me lembro de muito bem é “A Máquina do Tempo” com Rod Taylor, Yvette Mimieux, Alan Young ( o Mister Ed e a voz do Tio Patinhas) . O filme é memorável, claro é o antigo, uma bela adaptação de HG Wells. Eles fizeram um remake com Guy Pearce, que não era nem de longe tão bom quanto o de 1959. Havia algo realmente impressionante nos Morlocks e seus olhos brilhantes subindo na superfície onde os Eloi moravam e os agarrando, embora não esteja claro para mim o que eles fizeram com eles. Comia-os? Sei lá. Mas já faz 60 anos ou mais.
Também nessa mesma época, "Planeta proibido" é outro caso de amor. É irônico, ao olhar para o que escrevi aqui, e pensar que não me considero um cara que gosta especialmente de ficção científica e, no entanto, várias vezes eu cito o gênero nas nossas conversas, para você ver como os filmes de ficção científica são importantes, mesmo que por trás deles, tenha o grande nome de HG Wells.
2) Muitos adoram fazer listas de filmes preferidos. Outros julgam que é uma lista fluida. Para não te fazer enumerar vários filmes, nos diga qual o filme mais importante da sua vida. E há uma razão para a produção que citar ser destacada?
T.H.W.: Eu amo Cidadão Kane, de Orson Welles. Sou um grande fã de um filme chamado “Se”, o épico rebelde da Escola Pública de Lindsay Anderson, estrelado por Malcolm McDowell. Sou um grande fã de " Contrastes Humanos "de Preston Sturges e também sou um grande fã de " Poderoso chefão II ". Eu acho que o filme é realmente melhor que o primeiro Poderoso Chefão.
Mas o filme da minha vida não é nenhum destes. É o Doutor Jivago, que não só me influenciou a querer estar no ramo de filmes, como também minha futura esposa também era uma grande fã do filme, e quando fui à Bulgária para fazer um filme lá (vou falar dele abaixo), foi uma das coisas com as quais mais nos conectamos.
Doutor Jivago é o filme mais impactante para mim. Em 1967, eu estava na faculdade na Southern Illinois University, em Carbondale, e tive um tempo de folga à tarde, e aconteceu que o filme estava passando. Naturalmente, fiquei totalmente impressionado, já que é um filme fantástico, repleto de simbolismos que eu não percebi nas primeiras vezes em que o vi. Por exemplo, Tom Courtenay está lendo a carta do personagem Lara de Julie Christie ao lado da janela à luz de velas e, à medida que as informações vêm à sua mente, a vela queima a condensação como se a condensação estivesse cobrindo a verdade sobre o personagem de Julie Christie. Eu acho que é brilhante, e penso assim desde 1967. Não há espaço para esse tipo de coisa nos filmes de super-heróis. Eu gostei do Homem de Ferro de Robert Downey Jr. ...o resto me deixa com frio na espinha. Me dê um filme de David Lean em qualquer dia que faço melhor proveito.
Então, de fato, foram David Lean e aqueles enormes épicos que ele fez, como Ponte do Rio Kwai, Lawrence da Arábia e o próprio Jivago que me fizeram querer entrar no ramo cinematográfico e, é claro, praticamente ninguém chega perto de fazer filmes como esses mais. Acho que só Lean era capaz de fazer épicos como aqueles.
3) Seu primeiro trabalho como roteirista foi em "Grito do horror (1981)". Já seu primeiro trabalho como diretor foi "Ninho do Terror (1988)". Ambos marcantes filmes de terror. Como foi dar a vida uma obra de Stephen King e qual influência o filme teve em seu primeiro filme na direção?
T.H.W.: O script do filme "Grito de horror" foi baseado em um livro com o mesmo nome - era sobre uma garota aleatória que é atacada por um lobisomem aleatório numa cidade ... nada disso fazia muito sentido, e acho que a razão pela qual eles compraram o livro é que eles gostaram do título, além de ter uma boa produtora. Meu roteiro jogou fora o livro. Joe Dante e Mike Finnell vieram para a casa onde eu morava em Hollywood Hills, e concordamos que o livro era apenas um ponto de partida e não deveríamos realmente prestar atenção ao que havia nele. Meu trabalho era pegar as partes mais interessantes e traduzi-las em algo na tela.
Ele não tem muita semelhança com "Ninho de terror", exceto da seguinte maneira: foi muito instrutivo para mim porque mostrou que você poderia fazer um filme de terror e também ter senso de humor. Isso foi especialmente valioso quando se trata de fazer o filme, porque você não pode levar esse assunto completamente a sério, já você está falando sobre baratas tomando conta da ilha. Eu segui conscientemente o caminho da direção de Joe Dante quando fiz "Ninho de terror", ele me mostrou que você pode ter horror, mas também tem senso de humor.
4) Algumas profissões rendem histórias interessantes, curiosas e às vezes engraçadas. Lembra de alguma história legal que tenha acontecido durante a execução de algum trabalho seu e que possa compartilhar conosco?
T.H.W.: Eu tenho uma história divertida, mas não é obviamente, a mais engraçada do mundo, como pode imaginar pelo meu histórico de (não) ser engraçado. Bom, vamos lá: eu fiz um filme na Bulgária, The Berlin Conspiracy (originalmente intitulado "The Day the Wall Came Down"). Só que tradução do roteiro em inglês para o búlgaro foi muito complicada...Num caso destes de desencontros linguísticos, o roteiro (em búlgaro) pedia um “calhambeque” para uma cena - e “calhambeque” não é um carro de verdade né? Então eu disse que me dessem um carro com "personalidade".
Mas o entendimento de "personalidade" deles foi outro. Um dia o departamento de arte veio até mim e disse: "queremos mostrar a você os desenhos para o carro do personagem". O carro do personagem? O que? E eles me mostraram esse belo desenho de um tipo de cara em cima de um carro, como o Mr. Peanut sobre rodas ... Eu ri desta situação sem nexo hoje em dia, mas na época era apenas confuso. De fato, fazer filmes em países estrangeiros é incrivelmente lento em comparação com o que você queria fazer, mas felizmente naquele, tive 35 dias para fazer um filme que poderia ter sido feito em 25 se todos estivessem falando o mesmo idioma. Os créditos técnicos do filme são muito bons, no entanto. Exceto pelo som. Somente a América do Norte se preocupa em obter um bom som de produção.
5) Se pudesse, por um dia, ser um escritor (ou escritora) clássico (a) de qualquer país e através deste dia, ver pelos olhos dele (a), uma obra prima sendo realizada, qual seria o profissional e o livro. E claro, porque?
T.H.W.: Se eu pudesse ter dirigido o filme de outro cara. Isso é quase impossível ... mas eu escolheria um filme chamado "Comboio do medo", dirigido por William Friedkin. É um remake de um filme francês chamado "Salário do Medo" sobre alguns caras sem sorte movendo a nitroglicerina por um terreno cheio de irregularidades para apagar um incêndio em um poço de petróleo. Ele tem algumas sequências realmente impressionantes e realmente é um filme que te deixa de cabelos em pé, que afinal, é o objetivo de todos os filmes de suspense. Existem muitos outros filmes que podem se encaixar nessa pergunta, é claro. Contrastes Humanos (1941), de Preston Sturges é outro que eu gostaria de ter feito.
6) Agora voltando à sua área de atuação. Qual trabalho realizado você ficou profundamente orgulhoso? E em contrapartida, o que você mais se arrependeu de fazer, ou caso não tenha se arrependido, teria apenas feito diferente?
T.H.W.: O filme que me agrada menos é minha comédia "Corporate Affairs (1990)". Aprendi uma lição importante desse filme: eu não sou engraçado; Eu sou inteligente, mas não sou engraçado. "Contrastes Humanos" é um filme engraçado. Minha comédia meio que está lá, só que eu não soube fazer. De qualquer forma, é nisso que acredito, embora já me disseram que não faço um humor tão ruim assim.
O filme que me deixou mais satisfeito foi "Twice as Dead (2009)". Era uma história difícil. Um cruzamento de "Duelo ao sol" com "Quem tem medo de Virginia Woolf?" - um casal cujo casamento está em crise, rouba um banco. Eles conseguem ter sucesso no crime, mas fracassam na fuga por causa de suas divergências pessoais.
7) Para finalizar, deixe uma frase famosa do cinema que te represente.
T.H.W.: Uma frase bem apropriada dita por John L. Sullivan: “Se alguma vez um enredo precisou de um 'plot twist', é este”. A frase pode ser usada em muitas situações, principalmente hoje em dia.
M.V.: Verdade amigo. Obrigado. Foi um grande prazer