Entrevista com Paul Kyriazi
A entrevista de hoje é com o simpático diretor de filmes de baixo orçamento Paul Kyriazi. Ele realizou obras principalmente entre os anos 70 e 90, dando uma pausa na carreira, e retomando em 2018.
Tive a honra de assistir sua nova produção antes mesmo de estrear. O filme se chama "Forbidden Power" e conta a história de George (Lincoln Bevers) que conhece a misteriosa Victoria (a bela modelo Nasanin Nuri) em uma convenção. Depois de um caso rápido com ela, sua vida vira de pernas pro ar. Ele logo se encontra possuindo poderes incríveis que podem ser usados para seus próprios benefícios. Ele também suspeita que esses poderes lhe foram transmitidos sexualmente, por Verônica. Ele então embarca em uma missão para encontrá-la.
Os fãs dos filmes B provavelmente ficarão surpresos em descobrir que “Forbidden Power” é dirigido por Paul Kyriazi por conta do hiato de sua carreira. Kyriazi, que também escreveu o roteiro, sabiamente deixa “a porta aberta” para uma possível sequência, dependendo da receptividade do público.
Boa sessão:
1) Como começou a trabalhar na Indústria Cinematográfica?
P.K.: Eu comecei em casa aos 15 anos fazendo filmes ação em 8 mm e mixando o som com um gravador. Com 19 anos eu filmei um filme de ação em média metragem (tinha 30 minutos) em 16 mm que ganhou um festival de cinema. Eu consegui minha graduação numa Universidade e depois consegui angariar fundos para fazer meu primeiro filme em 35 mm. E depois disto, eu fui contratado para dirigir filmes e consegui financiamento para produzi-los, assim como eu fiz como meu mais novo filme 'Forbidden Power'.
2) Qual a experiência em sua vida dedicada à arte que você nunca esqueceu?
P.K.: Eu tinha 8 anos de idade. Eu estava na Disneylândia onde eles apresentaram o making of do filme 20.000 léguas submarinas. Eles mostraram storyboards e uma lula gigante com o ator Kirk Douglas explicando como eles fizeram o filme. Depois deste evento, eu disse para o meu pai: "Eu quero fazer filmes também".
M.V.: O filme é uma das melhores produções do diretor Richard Fleischer, sem dúvidas.
P.K.: Meu melhor filme de ação de artes marciais foi "Weapons of Death" lançado em 1981, por causa do grande elenco e enorme variedade de cenas de ação de pequeno e grande porte.
Entretanto, meu novo filme 'Forbidden Power' é o melhor por causa da história incomum que há muitos mistérios para serem explicados. E também tem um grande elenco, várias locações e cenas de ação. E também combina ficção científica com horror, em alguns aspectos.
4) Você dirigiu (produziu e/ou escreveu) alguns trabalhos em áudio. Trabalhou com nomes como Pat Morita, Rod Taylor, Henry Silva, Robert Culp. Mas o trabalho "Como viver com o estilo James Bond" tem ajudado muitos homens a melhorarem suas vidas e auto estima. Você é um grande fã da franquia James Bond?
P.K.: Tornei-me um grande fã de James Bond quando eu assisti "Satânico Dr. No". Quando eu vi James Bond fazer uso do judô e karatê, eu imediatamente me matriculei numa escola de karatê. Quando lançaram "007 contra Goldfinger", eu me tornei um fã eterno do personagem.
M.V.: Golfinger, sem dúvidas, é o filme clássico mais popular do personagem.
P.K.: Verdade
M.V.: E como estrou neste projeto? Porque a franquia James Bond te influenciou a fazer este trabalho?
P.K.: Para continuar sobrevivendo e fazendo dinheiro com a indústria do cinema, eu peguei várias aulas de sucesso e lí muitos livros. Depois, tive a ideia de usar o personagem James Bond como um cara a ser espelhado, pela elegância, dinheiro e ser uma pessoa viajada.
Depois, quando eu estava dirigindo "Omega cop", muitas pessoas no elenco me perguntaram como eu sobrevivia como um cineasta freelancer com nenhuma companhia para me ajudar. Então, comecei dizendo que eu me espelhava no estilo James Bond de ser, que era um grande cara para ser copiado. Logo, eu estava falando mais e mais sobre o assunto com outras pessoas, até que decidi escrever um livro com todas as informações nele, e comecei a dar para as pessoas que me perguntavam como ser uma pessoa de sucesso. E disto, fiz um negócio.
5) Nós conversamos sobre nossa paixão por filmes clássicos como "Grande motim" com o Marlon Brando e o "Drácula de Bram Stoker". Disse inclusive que fez uma viajem inspirada pela vontade de conhecer onde o filme com Brando foi filmado...Você assiste filmes regularmente? Tem uma lista dos filmes que mais gosta?
P.K.: Desde criança eu assistia muitos filmes no cinema e na TV. Eu ainda assisto muitos filmes. Eu não gosto muito de ver esportes ou talk shows, então continua sendo os filmes a maior atração da minha TV, quando não vou ao cinema, claro.
Alguns dos meus filmes favoritos são 'Rio Bravo' com John Wayne, Monstro do ártico, Um corpo que cai, Três homens em conflito, o Planeta dos macacos (original), Ben Hur (original) e a Face oculta, com o Brando.
M.V.: Honestamente, não precisava dizer que as versões de Ben Hur e Planeta dos macacos que gosta são as originais ... (risos).
6) Como mencionado acima, você vem de um hiato desde "Omega cop" em 1990. Como foi dirigir novamente depois de quase 30 anos? Afinal, a forma de filmar mudou muito neste tempo.
P.K.: Foi a primeira vez que filmei no formado digital. Foi ótimo. Mais fácil de iluminar as cenas e movimentar a câmera. Mais fácil de editar e jogar cor nas cenas. E especialmente por não ter que esperar o laboratório revelar o filme antes que eu pudesse conferir o resultado. Tudo ficou bem melhor com o digital.
Entretanto, trabalhar com pessoas, planejar as cenas, achar locações e fazer o filme ficar pronto dentro do prazo não mudou nada, nada...
7) Para finalizar, se pudesse deixar uma lição deste tempo dedicado à arte, qual seria?
P.K.: Somente entre no ramo de cinema se amar filmes. Se quiser fazer muito dinheiro, escolha outro negócio. E se quiser ser um produtor ou diretor, pense em fazer um filme por vez, por cada filme pode ser seu último por causa da dificuldade de arrumar patrocinadores, o que pode acarretar você arcar com os custos da produção. Então escolha o filme que amará fazer. Que colocará paixão nele. Concentre-se no roteiro e torne aquele filme real. E talvez, mais filmes surjam a partir daí.
M.V.: Muito obrigado Paul. A gente se vê nos filmes.
P.K.:Obrigado pela entrevista Marcus.