Entrevista com Octavio Caruso

E nossa vítima de hoje...é Octavio Caruso

Caruso é escritor, crítico de cinema, roteirista, cineasta, ator, produtor, publicitário e jornalista, membro da ACCRJ e da FIPRESCI. Autor do livro "Devo Tudo ao Cinema" (Editora Litteris), roteirizou/dirigiu, sem qualquer patrocínio, os curtas: "Übermensch", "Teresa" e "Nocebo", que foram selecionados em 2015 e 2016 para festivais do Brasil e de Portugal, como o Figueira Film Art e o FESTin. 

Caruso escreve nos sites: Críticos, Revista Pazes e no blog: www.devotudoaocinema.com.br.

Boa sessão:


1) Quando nasceu sua paixão pelo cinema? Houve aquele momento em que olhou para trás e pensou: sou cinéfilo!!? 

O.C.: Nasceu aos quatro anos de idade, quando vi "Ben-Hur" (de 1959) em VHS, em casa com a minha mãe. Aquela música maravilhosa do Miklós Rózsa, a empolgação na cena da corrida de quadrigas, o vilão detestável interpretado por Stephen Boyd e o herói íntegro vivido por Charlton Heston. Elementos que me marcaram nessa primeira sessão e que foram me emocionando cada vez mais em revisões frequentes pela infância e adolescência. Mas não foi só esse filme. Eu, por volta dos oito anos de idade, adorava ficar sentado no chão, como uma ilha, rodeado por revistas de cinema (SET, Vídeo News e Cinemin), aquilo era fascinante, um universo mágico que me conduzia para infinitas possibilidades criativas.

M.V.: Eu fazia a mesma coisa, porém somente com as revistas SET.

2) Coleciona filmes, cds ou algo relacionado à 7ª arte ? Quem curte cinema, costuma ter suas relíquias em casa...

O.C.: Como crítico apaixonado, coleciono filmes desde a época do VHS. Não me considero um colecionador de mídias, de estojos bonitos, sei que tem um mercado para isso, gente que compra várias versões de um filme ruim, só porque ele vem com capas diferentes. Na minha coleção só entram filmes que considero relevantes, importantes, que marcaram minha vida. Hoje, somando DVD e BD, tenho (tudo catalogado sistematicamente) mais de 5.000 filmes, de todas as épocas e gêneros, do cinema mudo até os lançamentos deste ano. Fora isso, coleciono livros e quadrinhos. Cinema e literatura são as grandes paixões da minha vida.

3) Seu blog tem um dos nomes mais bacanas que já vi.  Reflete sua paixão pelo cinema. Mas, fora esta paixão, o que te motivou a criá-lo e o que te motiva a continuar?

O.C.: Que bacana, fico feliz lendo isso. É o título do meu primeiro livro, criei o blog na época do lançamento dele (2013) como forma de reunir todos os textos que havia escrito para diversos sites, além de abrir a possibilidade de criar especiais temáticos. O blog é minha identidade profissional. Já são mais de 20 entrevistas exclusivas, com nomes como Monica Mancini (filha do compositor Henry Mancini), Laura Truffaut (filha de François Truffaut), Cecilia Peck (filha de Gregory Peck), Catherine Wyler (filha de William Wyler), Charlie Matthau (filho de Walter Matthau), Sean Hepburn (filho de Audrey Hepburn), o diretor Monte Hellman, entre outros. O que me motiva diariamente é o carinho do público e o amor que sinto por essa arte.

4) Qual experiência, relacionada ao mundo do cinema, que mais te marcou?

O.C.: Difícil citar uma única experiência, mas ser respeitado como cineasta, produzindo sem qualquer patrocínio, com pouco dinheiro do bolso, tendo todos os trabalhos selecionados em festivais daqui e de fora. Quando comecei, escutei que era impossível, como um pobretão querer ser corredor de Fórmula 1. Peguei um carro quebrado, pista ruim, chuva torrencial, e tenho conseguido resultados expressivos. Começo nessa semana a produção do meu quarto curta, em breve vou revelar mais detalhes. E como crítico profissional, creio que ter conseguido entrevistar Laura Truffaut, filha daquele que considero meu ídolo na crítica, sem o apoio de qualquer veículo, com a cara e coragem, com um blog gratuito (blogger), de aparência simples. Eu sempre acreditei que o conteúdo é mais importante que a aparência.

5) Cinéfilos tem suas preferências. Existe uma lista dos "filmes da sua vida"? Um Top 10 ou algo assim...

O.C.: Só perguntas difíceis. Esses tipos de listas estão sempre em mutação, mas, de cabeça, nesse exato momento, eu te digo: Ben-Hur (1959), Guerra nas Estrelas, Casablanca, Rocky - Um Lutador, Zombie - O Despertar dos Mortos (de George Romero), O Exorcista, Blade Runner, Janela Indiscreta, Manhattan, Cantando na Chuva, O Poderoso Chefão, Era Uma Vez no Oeste, A Noite Americana, Indiana Jones e o Templo da Perdição, A Fuga do Planeta dos Macacos (o terceiro da saga clássica), Titanic, Clube dos Cinco, 2001 - Uma Odisseia no Espaço, Batman (de 1989), Superman - O Filme, Moulin Rouge (de Baz Luhrmann), a trilogia "O Senhor dos Anéis", Jurassic Park, Amadeus, Metropolis, O Garoto, Luzes da Cidade, Nossa Hospitalidade (Buster Keaton), Os Meninos da Rua Paulo, Antes do Amanhecer, Em Algum Lugar do Passado, O Rei Leão, A Fúria do Dragão (Bruce Lee), Desencanto, Karatê Kid - A Hora da Verdade, Conan - O Bárbaro (de 1982), O Professor Aloprado (Jerry Lewis), Tootsie, Robocop - O Policial do Futuro, Os Sete Samurais, Ritmo Louco (Fred Astaire e Ginger Rogers), O Enigma de Outro Mundo, Moscou Contra 007... Esses são só alguns.

M.V.: Listas são pessoais, portanto, absolutamente inquestionáveis. Mas nesta lista que citou (amo todos) eu nunca tinha visto alguém citar "A Fuga do Planeta dos Macacos". Eu adoro todos os 5 clássicos, mas nunca tinha visto alguém citar especificamente o terceiro.

6) Fale um pouco sobre os seus próximos projetos, ou algum que esteja trabalhando neste momento.

O.C.: Sim, alguns. Vou lançar meu segundo livro no final do ano pela Editora Jaguatirica (ainda não posso revelar o título), será um trabalho de ficção no tema. E, como já disse, estou começando a produção do meu quarto curta, um drama, as filmagens se iniciam na segunda quinzena de Maio, creio que a pós-produção avance por Julho e Agosto, o filme ficará pronto para começar a etapa de tentativas em festivais no segundo semestre.

7) Para finalizar, se pudesse deixar uma lição do tempo que se dedicou ao cinema, qual seria?

O.C.: O cinema, a cultura em geral, é o único legado verdadeiramente eficiente. É o que disciplina o rugido do leão e o faz sobreviver na selva. Sempre busque fazer aquilo que você ama, a vida é muito curta, não há sentido em desperdiçar ela frustrado profissionalmente. Até morrer de fome, com dignidade, é melhor do que uma vida desperdiçada buscando conforto sem desafios. Aprendi isso com o cinema. 

M.V.: Grande abraço amigo. Sucesso.


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