Entrevista com Jonathan Stark
Através das 7 perguntas capitais eu conheci o mundo, literalmente. Consegui conversar com pessoas que eu jamais imaginaria que seria possível. Foi um projeto incrível. São apenas 7 perguntas, mas que fornecem um pequeno mosaico da carreira e paixão do entreviado (a) pelo cinema.
E hoje, com vocês o ator Jonathan Stark
Boa sessão:
1) É comum lembrarmos com carinho do início da nossa relação com o cinema. Os filmes ruins que nos marcaram, os cinemas frequentados (que hoje, provavelmente, estão fechados), as extintas locadoras de VHS que faziam parte do nosso cotidiano. Você é um apaixonado por cinema? Conte-nos um pouco de como é sua relação com a 7ª arte.
J.S.: Eu não sou realmente um cinéfilo. Eu assisti alguns filmes mais antigos, mas certamente não tenho autoridade para falar sobre eles. Eu sempre gostei dos filmes de Keaton e Chaplin porque amo filmes de comédia. Também adoro filmes de terror e cresci assistindo a todos os filmes Hammer em um cinema em minha cidade natal, Erie, Pensilvânia. Minha mãe deixava eu e mais um grupo assistir nas manhãs de sábado três filmes da Hammer Films, então eu passava aquele tempo assistindo e comendo pipoca.
Curiosamente, eu nunca fui realmente fã de filmes de vampiros, achei o Drácula original com Bela Lugosi chato. Hoje em dia, sou um grande fã de filmes de terror e tento assistir quase tudo o que sai. Infelizmente, 99% de todos os filmes de terror são inatingíveis. Mal escritos e dependem apenas de sustos. Meu filme de terror seminal - e ainda o meu filme de terror favorito é a produção de 1963 de 'Desafio do além'. Brilhante. Sem monstros, sem fantasmas, apenas a imaginação.
2) Muitos adoram fazer listas de filmes preferidos. Outros julgam que é uma lista fluida. Para não te fazer enumerar vários filmes, nos diga qual o filme mais importante da sua vida. E há uma razão para a produção que citar ser destacada?
J.S.: Mencionei 'Desafio do além' como meu filme de terror favorito, mas os dois primeiros filmes que me lembro de ver quando era jovem e que me fizeram desejar trabalhar no cinema foram 'Mary Poppins' e a produção da Cinerama 'O mundo maravilhoso dos Irmãos Grimm '. Eles foram mágicos para mim e eu adorei a ideia de que eu poderia fazer essa magia de alguma forma. 'A primeira noite de um homem' foi outro filme importante para mim. Mas é difícil escolher apenas uma produção, pois adoro cinema e adoro tantos filmes diferentes. Os filmes animados de Hayao Miyazaki me surpreendem com o seu brilho. Eu amo eles demais.
3) Eu acredito que "A hora do espanto" é o seu papel mais importante no cinema. A propósito, eu entrevistei o Tom Holland e ele me contou bastante sobre a produção. Me conte como foi trabalhar neste filme, que eu considero um dos mais perfeitos filmes de horror já feitos.
J.S.: Adorei o meu trabalho no filme, mas, sinceramente, sou muito orgulhoso da minha atuação em 'A casa do espanto 2'. Foi um papel maior e eu consegui interpretar algo mais próximo de quem realmente sou. Não me interprete mal, foi muito divertido interpretar um vilão, mas foi ótimo ser meio perdedor e pateta no filme 'A casa do espanto 2'.
Por outro lado, em "A hora do espanto", Chris (Sarandon), eu, Bill (Ragsdale) e Amanda (Bearse) sempre parecemos estar rindo no meio dos takes. Eu não trabalhei muito com o Stephen, mas agora ando muito com ele nos horrorcons. Todos eles são pessoas muito engraçadas e me fizeram sentir tão confortável e apoiado. E claro que fiquei admirado com o Chris quando vi o ‘Um dia de cão’. Sua atuação foi mais do que incrível. Eu sabia quem ele era a estrela daquele filme e fiquei muito intimidado no início, mas ele era (e é) uma pessoa maravilhosa.
Eu realmente não poderia ter mais sorte em trabalhar com um elenco tão solidário e gentil. Há muitas histórias de atores sendo horríveis para os companheiros de elenco. Eu tive muita sorte. E o Tom foi maravilhoso, ouviu as ideias que eu tinha e foi extremamente bom ouvinte. Ainda hoje tentamos nos encontrar para um café uma vez por mês. Eu também não trabalhei muito com Roddy, mas lembro-me, durante os intervalos das filmagens, de ele contar muitas de suas histórias de Hollywood que eu poderia ter ouvido por dias a fio.
4) Algumas profissões rendem histórias interessantes, curiosas e às vezes engraçadas. E certamente, quem trabalha com cinema, tem suas pérolas. Lembra-se de alguma história legal que tenha acontecido durante a execução de algum trabalho seu e que possa compartilhar conosco? Alguma história de bastidores, por exemplo…
J.S.: Desculpe, estou me repetindo, mas o que mais me lembro entre as tomadas foi todo o riso que rimos durante a produção do filme de Holland. Chris é brilhantemente engraçado, Billy Ragsdale é histérico. Ele inclusive foi um ator convidado em 'Ellen' quando eu era escritor, muitos anos depois de 'A hora do espanto'. Amanda sempre me "pegava para Cristo". Stephen, eu não vi muito e ele sempre estava meio quieto e reservado, mas eu me lembro dele me fazendo rir também. Eu acho que o filme parece muito divertido, porque todos nós estávamos nos divertindo muito, nos dando bem e nos ajudando durante o processo.
J.S.: Todos nós realmente gostávamos um dos outros e Tom era instrumental em promover isso. Por isto, todos eles são como uma família para mim. Mantemos contato e, é claro, sempre nos divertimos com os eventos de terror, basta perguntar a qualquer fã que estiver lá quando estivemos todos juntos. Quando é que vamos num evento assim, de terror no Brasil? Eu adoraria.
M.V.: Na realidade, há um chamado Horror Expo. Figuras como Mick Garris já vieram. O elenco de "A hora do espanto" seria fantástico.
5) Se pudesse, por um dia, ser um ator (ou atriz) do cinema clássico (de qualquer país) e através deste dia, ver pelos olhos dele (a), uma obra prima sendo realizada, quem seria e qual o filme? E claro…porque?
J.S.: Uau, como essas perguntas são difíceis. Vem à minha mente novamente "A primeira noite de um homem" e ser Dustin Hoffman. Não precisa de mais do que dois filmes bem escritos para ver como seria bom ser parte deles. Além deste que citei, "Tootsie" é o outro filme perfeito.
6) Agora voltando à sua área de atuação. Qual trabalho realizado você ficou profundamente orgulhoso?
E em contrapartida, o que você mais se arrependeu de fazer, ou caso não tenha se arrependido, teria apenas feito diferente?
E em contrapartida, o que você mais se arrependeu de fazer, ou caso não tenha se arrependido, teria apenas feito diferente?
J.S.: Embora haja algumas coisas em que eu possa pensar (principalmente na TV) com as quais me importo menos, devo dizer que não tenho vergonha de nada que tenha feito. É preciso realmente olhar para onde eles estavam em sua carreira e que conseguir um emprego era consumado com o pagamento das contas. Quando fiz 'A hora do espanto', precisava do dinheiro para pagar meu aluguel. Eu teria feito isso mesmo que fosse ruim, tive a sorte de ser um roteiro incrível. Na verdade, eu nunca li o roteiro inteiro, Jackie Burch acabou me enviando as três ou quatro páginas da cena com Bill e Art Evans, e foi com isso que fiz o teste.
O que eu adicionei à cena foi que pensei: "E se eu fosse esse detetive?" "O que me deixaria desconfiado"? Imaginei que Billy Cole estava agindo mal e assustando e que o detetive quisesse revistar a casa, então eu atuei o oposto disso. Eu interpretei um cara legal que estava tirando sarro de Charlie. Fazer o sinal da cruz, o apito e a atitude não estavam no roteiro. Eu adicionei isso na audição. Provavelmente foi por isso que consegui o papel, porque provavelmente ninguém veio com essas ideias e apenas se assustaram.
7) Para finalizar, deixe uma frase famosa do cinema que te represente.
J.S.: Acho que, se eu escolher uma, seria 'Se você construí-lo, eles virão' do filme "Campo dos Sonhos" (que acidentalmente fiz parte do pano de fundo). O que essa frase representa para mim é que, se você trabalhar duro e acreditar, encontrará alguma medida de sucesso e as coisas chegarão até você, podendo ser inclusive, maior quer sonhou Essa crença e perseverança sempre vencerão.
M.V.: Obrigado amigo. Foi uma honra