Entrevista com John McNaughton
John McNaughton é um diretor americano de cinema e televisão, conhecido por seu primeiro filme Henry: o retrato de um assassino. Este foi um daqueles casos em que o realizador começa sua filmografia pela sua obra prima (ou filme mais famoso).
Confira como foi:
1) Como começou a trabalhar na Indústria cinematográfica?
J.M.: Eu comecei trabalhando em comerciais de TV com um parceiro chamado Paul Chen. Nós fizemos vários comerciais testes e trabalhamos como freelancer para algumas das maiores agências de publicidade de Chicago. As portas se abriram à partir deste pontapé inicial.
2) Qual a experiência em sua vida dedicada à arte que você nunca esqueceu?
J.M.: Como sempre digo para os meus estudantes na Faculdade de Cinema Harold Ramis, da Second City, em Chicago: eu fui para uma faculdade de arte, não uma faculdade de cinema. Eu sempre pensei que meus filmes eram acima de tudo, trabalhos artísticos. Eu quis ser artista desde o início e demorou um pouco para eu chegar onde eu queria, e o que melhor se encaixava nas minhas pretensões era o cinema. Portanto, cada filme que fiz foram experiências dedicadas à arte e eu me lembro delas todas da mesma forma, sem dar mais importância para uma em particular.
3) De certa forma, você respondeu a esta próxima pergunta na resposta anterior, mas de qualquer forma, em sua opinião, qual o seu melhor trabalho para o cinema?
J.M.: Para mim, meus filmes são como filhos (que aliás, eu não tenho nenhum). E como tal, eu considero todos igualmente. Não tenho preferência de algum específico. Todos tem suas forças e fraquezas e seria injusto para mim nomear um, deixando outros de fora.
Não importa, na minha opinião, o grau de sucesso dos filmes no mercado e nem a opinião da crítica especializada ou mesmo do público. Estas variáveis não comprometem meu grau de envolvimento com cada um deles.
4) Eu adoro seus filmes. "Uma mulher para dois (93)", "Garotas selvagens (98)" e "Fronteiras do crime (96)" eu assisti diversas vezes. Eu gostei demais também do último seu que assisti, "A ameaça (2013)", com o Michael Shannon.
Mas dirigiu um dos principais filmes do cinema sobre um serial killer da história do cinema: "Henry - o retrato de um assassino (86)". Pode me dizer curiosidades sobre a produção? Foi um filme "difícil" de fazer? Como foi o clima no set?
J.M.: Uma grande coisa sobre Henry é que ele foi feito 100% sem interferências criativas. Saiu do jeito que eu quis. O produtor Waleed Ali nunca leu o roteiro. Ele nos deu o dinheiro e nós entregamos a ele exatamente o que queríamos filmar. Nenhuma mudança jamais foi feita no corte original do filme. Mais do que qualquer filme que eu tenha feito, foi um trabalho de arte comprometido, realizado por uma equipe cinematográfica operando com total liberdade criativa.
M.V.: Infelizmente, muitos filmes se perdem justamente por sofrerem interferências demais.
J.M.: Exatamente. O nosso trabalho não teve isto.
5) Agora sobre cinema em geral. Quais filmes marcaram sua vida? Existe alguma lista especial, tipo o TOP 10?
J.M.: Eu ainda assisto muitos filmes, mas não tantos quanto no tempo que eu ainda não era um diretor de filmes. Eu não me sinto preparado para definir uma lista. Minha percepção do cinema muda com o tempo, e uma provável lista seria fluida. Há muitos para mencionar.
M.V.: Há algum em especial?
J.M.: Um em especial seria o Peter Pan, do Walt Disney. Minha mãe me levou para assistir quando eu era bem pequeno. Foi uma experiência tremenda. Eu assisti pelo menos 10 vezes em seu lançamento e ainda amo o filme.
M.V.: Tenho exatamente a mesma história com o filme 101 dálmatas.
6) Fale um pouco sobre seus próximos projetos.
J.M.: Eu tenho meu portfólio de roteiros que estou sempre trabalhando. Eu estou trabalhando em uma adaptação de uma história de Flannery O'Connor chamada "Um bom homem é difícil encontrar". Eu fui abordado ano passado por Michael Rooker, que me chamou para dirigir o filme que ele vai estrelar como personagem principal, o desajustado.
É um projeto perfeito para eu e Michael trabalharmos juntos novamente, 30 anos depois de Henry. Também estou trabalhando em uma adaptação de uma novela de Irvine Welsh, (Trainspotting), chamada "A vida sexual das gêmeas siamesas", uma comédia de humor negro sobre vidas entrelaçadas de duas jovens mulheres em Miami. Eu acho que é uma comédia que homenageia "Quando duas mulheres pecam (1966)", de Ingmar Bergman.
7) Para finalizar, se pudesse deixar uma lição do tempo que se dedicou à arte, qual seria?
J.M.: Se você quiser ser um diretor de cinema, meu conselho (ou lição) seria: Nunca desista!
M.V.: Obrigado amigo. A gente se vê nos filmes.