Entrevista com Ingra Lyberato

Filha de cineasta, Ingra estreou no cinema aos sete anos, no curta-metragem "Ementário", dirigido por seu pai Chico Liberato. Além de se destacar em obras marcantes na TV como "Pantanal", "A História de Ana Raio e Zé Trovão", "A Indomada" e "O Clone", conquistou prêmios nacionais e internacionais por longas e curtas-metragens. 

Entre os filmes que lhe renderam prêmios, "Dois Córregos", de Carlos Reichenbach , "Eu não conhecia Tururu", de Florinda Bolkan e "Valsa para Bruno Stein", de Paulo Nascimento pelo qual ganhou o Kikio de Melhor Atriz em 2007. No teatro atuou em várias produções de sucesso de público e crítica, como "Mais- que -imperfeito" de Marcelo Rubens Paiva e "Inimigas Íntimas" de Arthur José Pinto; estando em cartaz nessa mais recente por dez anos.


Conheça um pouco mais sobre ela através das 7 perguntas capitais abaixo:


1) Como começou a trabalhar na indústria do cinema? Quando surgiu a primeira oportunidade de atuar? 

I.L.: Quando comecei a fazer televisão em 1989, a produção de cinema estava paralisada no Brasil. Collor tinha tomado medidas que impossibilitavam a produção e o movimento de retomada só começaria em 1995 com Carlota Joaquina de Carla Camurati. Mas eu tive a sorte de fazer na TV, obras completamente cinematográficas que utilizavam apenas locações, uma câmera e padrão de fotografia de cinema, como a primeira fase de "Tiêta" na Globo e "Pantanal", "O Canto das Sereias" e "A Historia de Ana Raio e Ze Trovão", na Manchete. 

Na verdade, tive uma experiência com cinema aos 7 anos participando de filmes de meu pai Chico Liberato, mas eram filmes de linguagem inovadora que em sua maioria serviam às ideias das instalações de artes plásticas. Minha primeira experiência mesmo, como atriz, foi no filme "O Cangaceiro" de Aníbal Massaíne e o que me deu destaque foi meu segundo longa, "Dois Córregos" de Carlos Reinchembach. Ganhei prêmios dentro e fora do país e recebi críticas inesquecíveis, elogiando meu trabalho. Isso abriu muitas portas e me colocou na cena do meio cinematográfico com certo prestígio.

2) Como foi ser uma musa? No que isto impactou sua vida? Havia muito preconceito? 

I.L.: Foi ótimo! Ser musa é ser fonte de inspiração e isso é um privilégio. Sobre minha sensualidade, nunca senti preconceito, porque eu própria não tenho preconceito com isso. Faz parte da minha essência, da minha expressão como pessoa. Adoro o desafio de ser uma personagem sem nenhuma sensualidade, mas essa energia faz parte do meu ser. Não brigo com minha natureza. Integro essa força.

3) Coleciona filmes, cds ou algo relacionado à 7ª arte ? Quem curte cinema, costuma ter suas relíquias em casa...

I.L.: Não coleciono porque estou sempre viajando e hoje em dia está tudo na internet. Não tenho apego a formatos, pra mim o que importa é o conteúdo. Mas sem dúvida o cinema é minha maior fonte de inspiração. Pra qualquer trabalho que eu faça, seja no cinema, TV ou teatro, busco referências e estudo filmes documentais e ficcionais.

4) Qual sua experiência no mundo artístico que mais te marcou?

I.L.: Todos meus trabalhos têm sido extremamente transformadores. Gosto de mergulhar de cabeça e aproveitar a oportunidade de busca da verdade. Mas a experiência mais avassaladora de todas, foi ter feito "Pantanal". Além dessa novela ter mudado os rumos da TV brasileira, mudou os rumos da vida de todos que participaram. A experiência de estar no Pantanal também foi única é incomparável. Um presente divino.

M.V.: Pantanal foi numa época em que as novelas eram muito boas. Eu não perdia uma. Qual trabalho considera o melhor da sua carreira?

I.L.: Todos trabalhos me proporcionaram enorme aprendizado por eu ter acertado, ou por eu ter errado. Faz parte. São como filhos que nasceram através de muita dedicação e participaram da construção de quem sou. Mas se a pergunta tem a ver com repercussão, os que mais repercutiram na mídia e no público foram "Pantanal", "A História de Ana Raio e Ze Trovão" e "Indomada" na TV e "Dois Córregos" no cinema.

5) Existe uma lista dos filmes mais importantes para você, no cinema em geral? 

I.L.: Alguns filmes me marcaram muito como "Scarface". Lembro-me de assistir a interpretação visceral de Al Pacino e a magnética Michelle Pfeiffer e pensar: quero atuar com essa verdade. Tenho Meryl Streep como musa e inspiradora e Al Pacino como muso (risos).... Também já devorei filmes sobre a máfia italiana como Poderoso Chefão e Donnie Brasco. Tem também "Em algum lugar do passado" e "Morte em Veneza". Dos brasileiros cito "Central do Brasil", "Eu, tu, eles" e "sudoeste" como filmes que me marcaram.

M.V.: Máfia é um dos meus temas preferidos: Era uma vez na América, Poderoso chefão 1 e 2, Scarface, a série Família Soprano...Amo.

6) Fale um pouco dos seus próximos projetos..,

I.L.: Estou contratada como roteirista de dois projetos com ideia original minha, depois de ter lançado um livro que está fazendo sucesso: O Medo do Sucesso. Essa nova atividade tem sido um presente incrível da vida. Finalmente tenho coragem de me expor através da escrita e estou amando. Fora isso, acabei de rodar uma série pra MTV, Perrengue e vou dirigir um documentário sobre meu pai Chico Liberato.

7) Para finalizar, se pudesse deixar uma lição destes anos dedicados a arte, qual seria?

I.L.: Eu indicaria a leitura do meu livro "O Medo do Sucesso". Nele eu me abro com a máxima honestidade sobre meus desafios de carreira, vida pessoal e superação dos mesmos. Dou dicas de como identificar o medo que nos trava e muitas vezes vem disfarçado de desculpas para nos desviar do que realmente importa. Se eu fosse dar uma única dica, diria: brilhe com o máximo de seu brilho e desenvolva todos os seus dons. São presentes do universo e se você não fizer, outra pessoa irá fazer, pois a luz da realização e da gratidão precisa estar entre nós. Então escolha ser canal desse propósito de ser brilhante e seja feliz!

M.V.: Obrigado, foi um prazer. Sucesso sempre para você.


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