Entrevista com Flávio Galvão
Flávio José Galvão de França, em arte mais conhecido como Flávio Galvão é um ator e dublador brasileiro (mais conhecido na área sendo a segunda voz do Major Nelson no seriado Jeannie é um Gênio) nascido na capital paulista. Na década de 70 apareceu na TV TUPI e seu primeiro papel foi em “Hospital”, novela de Benjamim Cattan. Formado em Filosofia, já trabalhou em mais de 40 novelas.Fez filmes como "Excitação", “Gabriela”, “Além da Paixão” até os mais recentes "Candidato honesto" e "S.O.S.: Mulheres ao Mar"
Teve um longo período de sucesso e reconhecimento trabalhando na Rede Globo, sendo que seu último trabalho na emissora foi a novela "Império" em 2014. Na sua carreira, também trabalhou nas outras principais emissoras do país, e está atualmente na Record.
E hoje é nossa vítima das 7 perguntas capitais:
Boa sessão:
1) Como foi o início da sua carreira? Quando surgiu a primeira oportunidade de atuar?
F.G.: Comecei no Teatro no Colégio e posteriormente no Arena.
* O Teatro de Arena de São Paulo foi uma das primeiras companhias do Brasil a pôr em prática um projeto moderno de coletivização da criação cênica e dramatúrgica com vistas a uma pesquisa contínua da representação da sociedade brasileira. Entre 1953 e 1971, a companhia foi responsável pela disseminação de uma renovação teatral sem precedentes, com a valorização do autor e dos temas inerentes à realidade brasileira, abordados com ênfase nos contextos sociais e políticos, mediante o questionamento do modelo europeu de interpretar e encenar, assim como da adoção de formatos diversos de relação com o público – com base no espaço da arena (como o próprio nome da companhia explicita), no qual os atores são circundados pelo público, e que se presta tanto à produção naturalista como à narratividade do picadeiro circense ou à roda do espetáculo de rua (...)
2) Qual sua experiência dentro deste universo artístico que mais te marcou?
F.G.: Todos os espetáculos que fiz me marcaram.
3) Eu assistia novelas principalmente nos anos 80/90, e um dos papéis que mais me marcaram foi o Comandante Dário, de Tieta. O personagem, cobiçado pelas mulheres, esteve na Marinha e se reformou para viver o resto de sua vida no paraíso de Mangue Seco.
Em sua opinião, foi seu papel mais desafiador?
F.G.: Truta foi desafiador, pois o personagem vinha de fora do agreste. Diferente dos outros. Então no meio de todo aquele regionalismo, eu era um peixe fora d'água.
M.V.: O Eu inclusive tive o prazer de entrevistar a Cláudia Alencar, que fazia a Laura, sua esposa na novela.
F.G.: Que legal. Vou ler.
* Para quem não se lembra, no dia 14 de agosto de 1989 estreou na faixa das 20 horas da Rede Globo a novela Tieta. Escrita por Aguinaldo Silva, Ricardo Linhares e Ana Maria Moretzsohn e inspirada no romance Tieta do Agreste, de Jorge Amado. "Tieta" gira em torno da personagem-título que, quando jovem, foi escorraçada pelo pai Zé Esteves (Sebastião Vasconcelos), já que o conservador homem se sente desonrado em razão do comportamento ousado da filha. Tieta (Claudia Ohana), humilhada, deixa a pequena Santana do Agreste, no nordeste brasileiro, jurando um dia retornar para se vingar de sua família e dos habitantes do local. 25 anos depois, Tieta (Betty Faria) ressurge linda, rica e exuberante, disposta a se vingar de sua família.
4) Nem sempre quem atua é um apaixonado por cinema. Você gosta de assistir filmes? E caso goste, coleciona ao relacionado ao mundo cinematográfico?
F.G.: Gosto muito de cinema, mas não coleciono nada. Também acompanho várias séries de TV.
5) Agora sobre cinema em geral. Quais filmes marcaram sua vida?
F.G.: Cidadão Kane, Os brutos também amam e qualquer filme nacional me atrai.
M.V.: O filme do Welles é uma aula de cinema. Interessante que apesar o filme ter sido considerado o melhor filme já feito por tanto tempo, quase ninguém aponta ele como uma produção que marcou a vida. Para quem não sabe, Cidadão Kane foi eleito o melhor filme de todos os tempos no início dos anos 60, e só depois de mais de 50 anos perdeu o posto de melhor filme.
No ranking promovido uma vez a cada década pelo British Film Institute (BFI), o instituto britânico de cinema, e publicado na revista Sight & Sound, o clássico de Orson Welles foi ultrapassado por "Um Corpo que Cai", suspense de Alfred Hitchcock estrelado por James Stewart e Kim Novak. "Cidadão Kane" liderava a pesquisa realizada junto a especialistas de todo o mundo desde sua primeira edição, em 1962. E 2012 o filme finalmente cedeu lugar a "Um Corpo que Cai", que havia ficado em segundo na edição anterior.
F.G.: Não tenho projetos futuros. Deixo a vida me levar. Caso me chamem para fazer novela eu faço se o personagem me chamar atenção. Acho que o formato já teve seus dias de glória.
7) Para finalizar, se pudesse deixar uma lição desta vida dedicada à arte, qual seria?
F.G.: Só a arte nos liberta.
M.V.: Obrigado amigo e sucesso.
* Fonte: Enciclopédia Latinoamericana