Entrevista com E. Elias Merhige

Elias é um diretor incomum. Fez apenas três filmes (até 2017, pelo menos!!). Mas já no primeiro, fez um dos filmes mais estranhos da história: Begotten, em 1990. Para quem não conhece, deem uma lida na sinopse: Deus está abandonado sozinho e, se mata estripando-se com uma navalha. A Mãe-Natureza emerge de sua morte e, com o sêmen do moribundo Deus fertiliza-se, dando origem à Humanidade, uma criança doente e fraca, que em toda sua existência é surrada e torturada por zumbis sem face.

Bizarro né? E depois disto veio "A Sombra do Vampiro" sobre as filmagens do filme Nosferatu de Murnau. Antológico. Um dos principais filmes de horror dos últimos anos.

E hoje é nossa vítima. Boa sessão:


1) Como começou a trabalhar na indústria cinematográfica?

E.M.: Foi entre a faculdade de medicina, que eu estava interessado em ser um cirurgião e um filme. Acabei entrando em duas faculdades, uma de pré-medicina e outra de filmes, e acabei "adiando" a de medicina para tentar um ano de cinema.

2) Qual experiência na sua vida dedicada à arte você nunca esqueceu?

E.M.: Quando eu li "O Nascimento da Tragédia"  de Nietzsche. Eu tinha 16 anos e ali descobri que queria "criar".

3) Qual trabalho na sua carreira considera o melhor?

E.M.: "A sombra do vampiro" claro.

M.V.: Era uma pergunta óbvia. Mas eu gostaria mesmo de saber, já que fez o cultuado "Begotten" alguns anos antes.

4) "A sombra do vampiro"  é um dos melhores filmes de vampiros de todos os tempos...Como foi realizá-lo?

E.M.: Eu amei fazer o filme. Foi para mim uma jornada mística para o coração do que eu sinto e penso sobre a natureza esotérica de fazer um filme.

M.V.: Acho um filme genial. Existem grandes filmes que falam de cinema, e Sombra do vampiro é um deles. Um dos melhores filmes de horror daquela década. Dafoe arrasou.

5) Agora falando de cinema em geral. Há uma lista de filmes que mais gosta? Um TOP 10 ou algo assim...

E.M.: Assim de cabeça: "Aurora" de Murnau, Nosferatu,  "Napoleão" de Abel Gance, "Soberba" de Wells, Um corpo que cai, 2001 - uma odisseia no espaço, Barry Lyndon, "A palavra" de Dreyer, Os filmes de Rainer Fassbinder no geral, mas em particular "O Casamento de Maria Braun" e "A professora de piano" de Haneke.

M.V.: 2001 - uma odisseia no espaço, para mim, é o melhor filme de ficção da história do cinema.

6) Sua carreira está vivendo um hiato. O seu último longa foi lançado em 2004. Há algum projeto em vista?

E.M.: Sim, estou trabalhando em dois roteiros exatamente agora. E eu quero muito começar a produção este ano. Um deles é um horror na segunda guerra, ainda sem título definido.


7) Para finalizar, se pudesse nos deixar uma lição desta vida dedicada ao cinema, qual seria?

E.M.: Minha lição é: se você esta fazendo um mundo enquanto faz um filme, seja corajoso, seja honesto, seja original e faça isto de todo coração e não ceda a nada.

M.V.: Obrigado

E.M.: Seu site é muito legal. Você realmente ama filmes. Fantástico

M.V.: Obrigado 

Tecnologia do Blogger.