Entrevista com Clarissa Kuschnir


Jornalista da área de cinema, Clarissa já atuou em algumas frentes como: repórter, crítica, assessora de imprensa e até produtora em um projeto de cinema. Sua paixão sempre foi revista, onde começou trabalhando na extinta Sci-fi News e Sci-Fi News Cinema. Depois passou pelo site e-Pipoca, foi colunista no site Digestivo Cultural, DVD Magazine e repórter da VER VÍDEO. Essa última, direcionada para o mercado de home vídeo, onde cobria vários eventos e lançamentos de filmes. Como assessora, passou pelas independentes Focus Filmes, Flashstar, A2 Filmes e atualmente Elite Filmes. Faz parte da revista Preview desde o número 2 da revista, atuando na área comercial e cobrindo alguns festivais de cinema pelo Brasil. Também está à frente da assessoria de imprensa da plataforma de vídeos on demand Looke!

Esta bela e simpática "faz tudo" é nossa vítima das 7 perguntas capitais desta semana. Confira:


1) Quando nasceu sua paixão pelo cinema? Houve aquele momento em que olhou para trás e pensou: sou cinéfila !!?

C.K.: Meu interesse pelo cinema começou desde criança, quando meu pai  falava muito sobre os astros da era de ouro de hollywood. Apesar de não trabalhar com cinema (ele era comerciante na área automobilística), ele sabia tudo, já que frequentava muito os cinemas de São Paulo,  na juventude. Eu comecei a frequentar cedo também graças a minha mãe, que levava eu e meus irmãos em todos os lançamentos infantis da época (década de 80). 

Eu morava ali na Vila Nova Conceição, bem perto dos cinemas da av. Santo Amaro como: o Chaplin, Vila Rica. Eu cresci vendo os filmes dos Trapalhões, da dupla Bud Spencer e Terence Hill, Spielberg, entre muitos outros da época. Ficava encantada com a tela grande. Já na adolescência eu fazia clipping das críticas de todos os lançamentos grandes. Eu inclusive ainda tenho algumas pastas com esses clippings. Sem contar que fingia ser crítica de cinema, escrevendo para mim mesma. 

Quando chegou o vídeo cassete, eu lembro que meu pai comprou o aparelho e todo final de semana eram de 5 a 10 filmes alugados. Peguei o boom do vídeo e lembro bem da quantidade de locadoras que abriram na época. Devo muita parte da minha formação cinéfila, ao mercado de home vídeo. Quando mais velha, eu também ia muito as sessões promovidas pelo do Cine MAM (Museu da Arte Moderna), de São Paulo. 

Foi aí que conheci mais profundamente Truffaut, Godard, Wim Wenders, Almodóvar e o Cinema Novo. Tenho os folhetos dessas mostras guardados até hoje!  Aprender cinema para mim era assim, assistir filmes sem parar e anotar no caderninho. Outra lembrança boa,  eram as sessões de vídeo que fazia na minha adolescência na minha casa, para meus amigos do colégio e geralmente, eram sempre filmes de terror...


2) Coleciona filmes, cds ou algo relacionado à 7ª arte ? Quem curte cinema, costuma ter suas relíquias em casa...

C.K.: Coleciono sim. Depois que chegou ao número 1.000 (entre DVDs e BDs) perdi as contas. E acredita que ainda tenho algumas fitas de VHS? Outro dia achei vários clássicos do cinema nacional dessas fitas de VHS. Tenho também Cleópatra, Titanic, o musical Modelos, com  Gene Kelly e Rita Rayworth (esse eu ganhei recentemente em DVD de um amigo querido).  Eu devo ter também mais de 100 CDs das minhas trilhas sonoras prediletas. Outra paixão são os livros, e eu tenho vários de cinema, espalhados pela casa. Logo na entrada da minha casa, você já sabe que mora alguém apaixonado (no meu caso apaixonada) por cinema, com quadros, tapetes, almofadas e objetos.

3) O que te motiva a estar neste meio cinematográfico (além de ser profissão, claro)? Você faz entrevistas, cobre festivais, trabalha com marketing de distribuidoras, revistas...

C.K.: Eu sempre soube que queria trabalhar com cinema. Desde pequena, falava isso para minha família, para meus colegas de escola e até para os professores. Minha primeira profissão foi na aviação (outra paixão) como comissária de bordo, ao 21 anos de idade. Foi uma chance que surgiu muito rápido em minha vida e que não podia perder a oportunidade, pois além de conhecer muitos lugares, me fez crescer muito como pessoa. Mas eu lembro que até mesmo na aviação, eu vivia conversando com meus colegas sobre cinema. Eles até vinham fazer consulta comigo, do que assistir. O bom foi que quando deixei a aviação, eu  decidi fazer a faculdade de jornalismo e já tinha em mente que queria ir para o entretenimento. 

Logo após me formar já comecei a trabalhar na extinta revista Sci-Fi News e Sci-Fi News Cinema, isso em 2001. Comecei a frequentar as cabines, a conhecer as pessoas do mercado, fiz alguns cursos especializados em cinema e não parei mais. Passei por várias empresas e fiz muitas coisas diferentes na área, desde ser repórter em revista especializada (VER VIDEO) produtora em um projeto de cinema itinerante, assessora de imprensa em distribuidoras de filmes independentes,  até a área comercial, como na revista Preview, que também abriu oportunidades para eu cobrir alguns festivais de cinema pelo Brasil.  

4) Qual sua experiência dentro deste universo que mais te marcou?

C.K.: Em 2004, eu trabalhei em um projeto de cinema itinerante chamado Projeto Cinemagia. Eu fazia parte do “ Cinema nos Hospitais”. Montávamos uma estrutura de cinema, em vários hospitais públicos de São Paulo. Era uma alegria ver pacientes, idosos e até mesmo profissionais da saúde se divertindo em um ambiente tão pesado quanto o hospital.

Um dia tivemos uma sessão no Hospital Psiquiátrico Pinel e, eu lembro que chegou uma paciente, sentou ao meu lado e veio me pedir para eu prometer que eu iria lá todos os dias levar filmes e conversar com ela. Não tem como não se emocionar com um pedido desses né? Uma vez, também montamos uma estrutura de cinema, com um telão, na Penitenciária Feminina da Capital. Foi uma sessão inesquecível.

M.V.: Caramba. Que experiência incrível!

5) Quem ama cinema costuma ter suas preferências. Existe uma lista dos filmes que marcaram sua vida? Um Top 10 ou algo assim...

C.K.: São muito mais que dez! Mas vamos aos meus prediletos: Cantando na Chuva, Casablanca, Cinema Paradiso,  Era Uma Vez na América, Bonequinha de Luxo (Moon River é a música dos meus 15 anos), Moulin Rouge, Assim Caminha a Humanidade, Ladrões de Bicicleta, Morte em Veneza. Do Brasil:  Central do Brasil, A História da Eternidade, By By Brasil, O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro, Dois Córregos, Os Saltimbancos Trapalhões, Baile Perfumando, Os Cafajestes.

6) Fale um pouco dos seus próximos projetos. Tanto os que estão acontecendo quanto os previstos para começar.

C.K.: Além de fazer parte da equipe da revista Preview, atualmente estou conhecendo um novo mercado que é o VOD. Sou assessora de imprensa da plataforma brasileira de vídeos on demand Looke. É um mercado que cresce a cada dia. É o futuro. E também tenho muitos outros projetos. Eu adoro festivais de cinema,  eu adoro o cinema nacional e tem muita gente boa e talentosa que vai além do circuito comercial. Quero continuar frequentando esses festivais e quem sabe, até produzir algum...

Adoro fotografia também, quero muito fazer um curso. Também gostaria muito de voltar a estudar, fazer uma pós relacionada ao mercado.

7) Para finalizar, se pudesse deixar uma lição deste enorme tempo dedicado ao cinema, qual seria?

C.K.: Eu acho que o cinema traz tantas coisas boas na vida das pessoas. Ele nos leva a sonhar, a conhecer lugares novos, a sair um pouco da realidade (coisas que precisamos de vez em quando).  Na minha me trouxe o prazer de poder trabalhar com isso o de conhecer pessoas muito queridas.  É um trabalho que sempre fiz com muito prazer e alegria. Claro que sou muito inquieta, e muitas vezes tenho vontade de ampliar meus conhecimentos em outras áreas. E também não sou mais uma cinéfila tão disciplinada, quanto eu era. Não tenho mais essa coisa de precisar assistir aos filmes antes, até porque depois que eu virei mãe, minhas prioridades mudaram.

M.V.: Obrigado Clarissa.  Foi um grande prazer. 


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