Entrevista com Anselmo Vasconcelos
Anselmo Carneiro Almeida Vasconcelos é um ator brasileiro de cinema, teatro e televisão. Já participou de mais de cinquenta filmes, entre os quais se destacam: Se segura, malandro!, de 1978, e Bar Esperança, o último que fecha, de 1983, ambos de Hugo Carvana; A república dos assassinos, de 1979, de Miguel Faria Jr., e Brasília 18%, de 2006, de Nelson Pereira dos Santos, entre outros. Na televisão, participou de telenovelas, minisséries e humorísticos.
E hoje é nossa vítima das 7 perguntas capitais.
Confira como foi...
1) É comum lembrarmos com carinho do início da nossa relação com o cinema. Os filmes ruins que nos marcaram, os cinemas frequentados (que hoje, provavelmente, estão fechados), as extintas locadoras de VHS e DVD que faziam parte do nosso cotidiano. Você é um apaixonado por cinema? Conte-nos um pouco de como é sua relação com a 7ª arte.
A.V.: Meu pai fundou com seus amigos nos anos 50 um cineclube. Os filmes e aquela sala de projeção me marcaram muito a infância. Minha irmã construiu com caixa de sábado e tirinhas de quadrinhos do jornal um cineminha de manivelas muito criativo.
2) Coleciona filmes, CDs ou algo relacionado à 7ª arte ? Quem curte cinema, costuma ter suas relíquias em casa...
A.V.: Tenho DVDs de meus filmes e alguns que ganhei de amigos e festivais. Pouco vejo. Gosto mesmo de ir ao cinema. Este ritual ainda me é precioso e inspirador. Sempre frequentei cinemas. O cinema é meu abrigo. Aonde vou, nas cidades que visito quero saber se tem um cinema.
3) Sua carreira é longa. Atuou em muitos filmes, novelas, minisséries, dirigiu, fez teatro...O que te motivou a estar neste meio?
A.V.: São varias historias que se cruzam e acabam tecendo uma carreira extensa e fértil. Tudo é gratificante pelo meu olhar e surpresa de ter conseguido fazer filmes, series, novelas, teatro e tantas outras linguagem que ainda tenho fôlego para experimentar. Mas tudo isso vem da efervescência e utopias dos anos 60, 70 que tanto me influenciaram, me projetaram. Eu e a minha coragem herdada destes tempos.
4) Qual sua experiência dentro do universo artístico que mais te marcou?
A.V.: A publicação de meus livros. O processo da escrita e depois a revisão é muito criativo e instigante. Uma analise incrível me aconteceu. Sou muito grato aos meus editores e revisoras. Claudia Furiati, Julia Bernardes e Lunna Guedes me complementaram em A Volta ao Mundo e Mia, a holandesa dos pés descalços.
5) Cinéfilos tem suas preferências. Existe uma lista dos "filmes da sua vida"? Um top 10 ou algo assim...
A.V. : Existem filmes que estão muito presentes no que faço. Acossado do Godard é um deles. A faca na água do Polanski, os filmes do Nelson Pereira dos Santos, o Cinema Novo, a Nouvelle Vague. Kurosawa, Fellini, De Sica, Pasolini , A Atlântida do Carlos Manga e muita coisa do cinema independente das mais variadas origens me influenciam muito.
6) Há algum projeto em vista relacionado ao cinema/teatro/TV?
A.V.: Estou desenvolvendo performances que me trazem uma nova possibilidade e atuação fora dos teatros convencionais. São espetáculos curtos, sensitivos e que visam a emancipação do espectador. Estou trabalhando nisso com profundidade. No meu livro Mia, a holandesa dos pés descalços descrevo a origem das performances, rituais e eventos criativos que aconteceram na Europa do final dos anos 60.
7) Para finalizar, se pudesse deixar uma lição da sua vida dedicada à arte, qual seria?
A.V.: Lição não é algo que me representa.
Mas minha experiência de 45 anos pode ser vista e estudada no meu portal desenhado pela jornalista Ro Wolfl chamado anselmovasconcellos.wixsite.com/portal
M.V.: Obrigado amigo. A gente se vê nos filmes.