Entrevista com Fred Williamson
Através das 7 perguntas capitais eu conheci o mundo, literalmente. Consegui conversar com pessoas que eu jamais imaginaria que seria possível. Foi um projeto incrível. São apenas 7 perguntas, mas que fornecem um pequeno mosaico da carreira e paixão do entrevistado (a) pelo cinema.
E hoje, com vocês o ator Fred Williamson, de tantos filmes importantes da Blaxploitation.
Boa sessão:
1) É comum lembrarmos com carinho do início da nossa relação com o cinema. Os filmes ruins que nos marcaram, os cinemas frequentados (que hoje, provavelmente, estão fechados), as extintas locadoras de VHS que faziam parte do nosso cotidiano. Você é uma apaixonado por cinema? Conte-nos um pouco de como é sua relação com a 7ª arte.
F.W.: Eu não sou apaixonado pelo cinema. Sou apaixonada pelo que expresso como uma pessoa que representa uma figura negra forte que não desafio e nego. Eu nego limitações do que posso e do que não posso fazer.
M.V.:.: Sim, talvez não aceitar o sistema seja maior que desafiá-lo.
2) Muitos adoram fazer listas de filmes preferidos. Outros julgam que é uma lista fluida. Para não te fazer enumerar vários filmes, nos diga qual o filme mais importante da sua vida. Ou mesmo, algum que tenha atuado
F.W.: Não tenho listas. Nunca faço listas. Todos os meus filmes são importantes porque só faço o que gosto, não com base em quanto dinheiro vai ganhar. Minha integridade não está à venda. Quando o dinheiro acaba, ainda resta você para ficar de pé.
3) Quem trabalha com cinema no nosso país, certamente o faz por amor. Mas precisamos ter também talento e sorte para estar no lugar certo. Como foi este processo na sua carreira?
F.W.: Depois de 10 anos de jogador profissional de futebol e ser chamado de martelo por causa do meu jogo duro, foi uma transição natural.
4) Sua carreira é calcada em filmes de ação ao longo dos anos. O que te levou a este gênero em particular?
F.W.: No mundo cinematográfico, você tem sorte se o que você está interpretando é exatamente o que os fãs querem ver. E claro, o mais importante é que você também goste do que está fazendo.
5) Se pudesse, por um dia, ser uma ator do cinema clássico (de qualquer país) e através deste dia, ver pelos olhos dele, uma obra prima sendo realizada, qual seria ator e o filme? E claro…porque?
F.W.: Meus diretores favoritos são os italianos. Eles realmente tentam fazer obras de arte sem os milhões de dólares que os americanos gastam. Enzo Castellari é um diretor muito criativo e sabe contar uma história. O cinema mais importante na maioria dos países estrangeiros é justamente este: que sabe contar uma boa história.
Então, respondendo à sua pergunta, qualquer filme do Enzo.
M.V.: Algum filme em especial do Enzo?
F.W.: Obviamente não, Mas eu experimentei sua criatividade, sem um grande orçamento, em Bastardos Inglórios e Guerreiros do Bronx, então, presenciei duas grandes obras sendo feitas.
6) Agora voltando à sua área de atuação. Qual trabalho realizado você ficou profundamente orgulhoso? E em contrapartida, o que você mais se arrependeu de fazer, ou caso não tenha se arrependido, teria apenas feito diferente?
F.W.: Essa é pessoal demais e pode ofender outras pessoas envolvidas. Mas existem muitos. Prefiro nem dizer quais trabalhos eu gostei mais pelo mesmo motivo: para não entristecer os não incluídos ou mesmo, esquecidos neste momento.
7) Agora, para finalizar, deixe uma frase famosa do cinema que te represente.
F.W.: Eu nunca me vendi. Meus filmes são a expressão da minha vida e minhas crenças e dinheiro nenhum pode mudar isto. Esta é a lição que deixo.
Ai está meu amigo. Bom ou ruim, sou o que sou: The Hammer
M.V.: Obrigado pela entrevista. Foi uma honra