Entrevista com Adam Marcus
Através das 7 perguntas capitais eu conheci o mundo, literalmente. Consegui conversar com pessoas que eu jamais imaginaria que seria possível. Foi um projeto incrível. São apenas 7 perguntas, mas que fornecem um pequeno mosaico da carreira e paixão do entrevistado (a) pelo cinema.
E hoje, com vocês o diretor americano Adam Marcus, que fez o filme Jason vai para o inferno.
Boa sessão:
1) É comum lembrarmos com carinho do início da nossa relação com o cinema. Os filmes ruins que nos marcaram, os cinemas frequentados (que hoje, provavelmente, estão fechados), as extintas locadoras de VHS que faziam parte do nosso cotidiano. Você é um apaixonado por cinema? Conte-nos um pouco de como é sua relação com a 7ª arte.
A.M.: Que saber se sou apaixonado por cinema? A resposta curta é ABSO (LOUCA) LUTAMENTE! Em todos os momentos da minha vida, os filmes não só forneceram a magia que permitiu que minha imaginação voasse, mas também colocaram combustível no tanque de minha criatividade toda vez que via um filme no cinema. Bom ou ruim estou inspirado para escrever e produzir e fazer algo todas às vezes. Posso assistir televisão por duas horas e imediatamente tenho que correr para o meu computador para escrever. Os filmes sempre proporcionaram isso para mim, mesmo quando eu era tão jovem quanto me lembro.
O primeiro filme que vi no cinema quando criança foi Mary Poppins. Foi uma reexibição nos cinemas. E isso foi antes de existir o VHS ou um Betamax para assistir., e no final eu chorei por uma hora porque Mary Poppins tinha deixado aquelas crianças. Aquelas crianças que ela amou... que a amou... e então ela as deixou e isso partiu meu coração. Mas foi esse coração partido que deu início ao meu caso de amor com essa ideia de contar histórias. Que um cineasta poderia criar uma emoção tão facilmente dentro do público. Quando adolescente, trabalhei em um cinema na minha cidade natal. Na verdade, era um pequeno grupo de cinemas, não um multiplex.
Eram cinemas lindos. Enquanto eu ia crescendo, assisti 80% dos filmes ali. Os outros 20% vi nos belos cinemas de Nova York, lugares como o Cinema Ziegfeld, onde toda essa maravilha e magia se acenderam na minha frente. Sim, adoro! Adoro ir ao cinema! Tenho saudades da experiência de verdadeiros assentos cheios de gente.
Os cinemas agora são mais como salas de estar gigantes e você sabe que tem algumas centenas de pessoas onde costumava ter mil assistindo a um filme e posso dizer que na minha carreira profissional, minha coisa favorita a fazer é assistir meu trabalho nos festivais porque o público destes festivais é obstinado em relação a filmes da mesma forma que eu! Nos festivais, os próprios cinemas tendem a ser enormes e tão cheios de cinéfilos que é assim que você consegue sua experiência de assistir um filme da forma mais verdadeira. Eu cresci em uma família que era predominantemente artística.
Meu tio é Ned Eisenberg. Um ator brilhante que teve uma carreira incrível de mais de 30 anos. Ele é um "pau pra toda obra" e ainda tem um lugar no panteão do terror, já que foi um dos protagonistas do clássico filme de terror, "Chamas da morte" de 1981. Meu outro tio é Joe Ellison, que escreveu e dirigiu o clássico de terror "As chamas do inferno" de 1979. Meu irmão Kipp é um ator e escritor e foi um dos protagonistas de "Jason vai para o inferno" e também escreveu e produziu meu segundo longa, "Let It Snow" de 1999, que foi um grande sucesso de Sundance.
Ao lado de minha família, quando eu era criança, Noel Cunningham, filho de Sean S. Cunningham, era meu amigo mais próximo. Então, eu estava sempre com os Cunninghams, especialmente durante o tempo em que eles estavam fazendo Sexta Feira 13, Primavera na pele, A casa do espanto (Sean produziu) e um monte de outras coisas.
Eu fiz muitas leituras com Sean e Wes Craven quando era adolescente, então pude ver o quanto foi gasto no processo de escrita da história, de rascunho a rascunho. Sua esposa, Susan Cunningham, que era uma editora brilhante, foi a primeira editora que eu ajudei e ela me ensinou muito sobre como ver o cinema como um quebra-cabeça. Como ponto de vista. E antes que alguém diga, eu sei que parece pretensioso, mas é verdade ... cinema é minha paixão porque cinema é minha vida. E sou muito apaixonado por cada momento da minha vida.
2) Muitos adoram fazer listas de filmes preferidos. Outros julgam que é uma lista fluida. Para não te fazer enumerar vários filmes, nos diga qual o filme mais importante da sua vida. E há uma razão para a produção que citar ser destacada?
A.M.: “All That Jazz” é o meu favorito de todos os tempos. É um exemplo de autor como centro da história. Não há nada mais pessoal, mais corajoso e, em última instância, mais atraente do que tanta honestidade nua e crua. Eu vi o filme quando foi lançado no cinema. Eu tinha onze anos. Eu era um escravo do filme e de seus temas. Também inspirou os próximos dez anos da minha vida quando comecei a trabalhar no teatro.
Quando eu tinha quinze anos, comecei minha própria companhia de teatro, a Westport TheatreWorks. Dos onze anos quando concluí a faculdade de cinema, acumulei um currículo de mais de 80 produções teatrais. “All That Jazz” foi o estopim que iluminou minha paixão pelo teatro. Eu queria ser Bob Fosse. Tanto é que dirigi, produzi e coreografei produções de Chicago e Pippin.
3) "Jason vai para o inferno" é um dos filmes de terror mais referenciais já feitos. Como tudo isso aconteceu?
A.M.: A forma como as referências surgiram em “Jason vai para o inferno” foi que quando eu era criança, eu me lembro de que a coisa mais legal que eu já tinha visto foi quando Batman fez uma participação em Scooby Doo e pensei: “Puta merda, Batman conhece Scooby Doo”. E então, algumas semanas depois, os Harlem Globetrotters estavam no Scooby Doo e eu pensei como é incrível que todos esses personagens vivam dentro do mesmo universo. Então, quando fui fazer O Sexta Feira 13, fiquei pensando sobre aquela referência de Scooby Doo e como era emocionante conseguir essas conexões e ver esses personagens viverem no mesmo mundo.
A outra coisa (e de muitas maneiras a coisa muito mais importante), é que eu queria encontrar uma maneira de justificar Jason sendo morto continuamente, filme após filme. Porque no primeiro filme ele começa como um garotinho que se afogou nos anos 50 e a próxima coisa que você sabe ele aparece, ainda um garotinho, em 1980, saindo de Crystal Lake. Bem, tudo bem, isso é uma coisa mágica.
Não se trata de um ser vivo. Então eu pensei, você sabe, quando você aparece na sexta-feira 13 parte 2, de repente Jason ganhou 80 quilos, cresceu 1 metro, aprendeu a dirigir um carro, conseguiu roupas que lhe serviram, encontrou uma maneira de encontrar a casa de Alice, então ele aprendeu a ler porque olhou nas páginas amarelas para encontrá-la... Ele leva a cabeça de sua mãe com ele, em seguida, leva o corpo de Alice e a cabeça de sua mãe de volta para Crystal Lake para seu santuário em sua cabana. Agora, pense que estes filmes acontecem com poucas semanas de intervalo!
Bem, isso não faz o menor sentido. Daí ele chega à Parte 3 e Parte 4 e sofre mais dano do que qualquer corpo humano seria capaz de receber e de alguma forma na Parte 6 ele ressuscitou como um zumbi. Mas vamos lembrar que Tommy Jarvis deu uma machadada na cabeça de Jason e o transformou em carne de hambúrguer. Então, como faz sentido que ele ainda tenha uma cabeça na parte 6 e, em seguida, da maneira mais Dr. Frankenstein, ele é eletrocutado de volta à vida, o que é incrível (a parte 6 é a minha favorita de todos os filmes). Então agora você tem Zombie Jason, então você tem Aquatic Zombie Jason para as partes a seguir. Então, na Parte 8 você tem Holliday Jason porque ele dá um passeio de barco e então é dissolvido em ácido nos esgotos de New York!
M.V.: Que bacana que adora o Sexta feira 13. Tive a felicidade de entrevistar o ator e o diretor e é também minha sequência favorita.
A.M.: As referências estavam por toda parte, então eu fui para o filme querendo solidificar e tornar a linha do tempo mais simples e não mais complicada. Sei que a maioria das pessoas acha que eu queria complicar ainda mais, e não é verdade. Eu decidi simplificá-lo criando uma linha do tempo que faz sentido e vai desde o primeiro filme.
Então, se Pamela Voorhees fizesse qualquer coisa para ressuscitar seu querido Jason, bem, então ela definitivamente iria olhar para o Lado Negro... para o mal. Para textos amaldiçoados, feitiços ou poções. Para bruxaria! E se ela colocasse as mãos no livro mais perverso de todos... O Necronomicon?
M.V.: Sim. Você fez um filme que corrigisse a linha do tempo e ainda desse o pontapé inicial para o crossover.
Verdade.
A.M.: Em sua opinião, ela não usaria este poder para ressuscitar seu doce Jason?
M.V.: Claro que sim. Tudo ao alcance dela.
A.M.: Então eu coloquei o Necronomicon no filme porque Sam Raimi me emprestou o livro dos mortos enquanto eu estava no set de “Uma noite alucinante 3”. Uma vez que eu trouxe o Necronomicon para o filme, ele meio que abriu a caixa de Pandora para eu brincar com as ideias de outras coisas malignas que Pamela Voorhees poderia ter conseguido para trazer seu filho de volta e é por isso que você tem coisas como Fluffy do Creepshow lá embaixo no porão do caixote Julia Carpenter. É por isso que você tem todos esses outros “tecidos conjuntivos".
A outra coisa é que eu queria permitir que todas essas criaturas vivessem no mesmo universo porque na maioria dos filmes de terror ninguém age como se tivesse visto um filme de terror, então não seria mais divertido se nenhum deles tivesse visto os filmes de terror que vimos.
E então, se Freddy vive dentro do mesmo universo e Freddy tinha acabado de ser morto no filme anterior da New Line, então eu pensei: quem melhor para arrastar Jason para o inferno do que Freddy Krueger? Outras referências, como aquele aparato de parquinho de crianças do filme Os pássaros, de Alfred Hitchcock, no quintal da casa de Voorhees. O “Cunningham County”. Ou ainda Sheriff Landis ...
Todas essas coisas eram coisas minha homenagem às pessoas e coisas dentro da comunidade do Horror que eu amava e que queria celebrar, então continuei tentando trazer aqueles divertidos “Easter eggs” para o meu público. Basicamente, eu fiz um universo cinematográfico compartilhado antes de haver o universo Marvel. Fiz um filme de terror auto referencial três anos antes de Pânico. Sim!
4) Algumas profissões rendem histórias interessantes, curiosas e às vezes engraçadas. E certamente, quem trabalha com cinema, tem suas pérolas. Se lembra de alguma história legal que tenha acontecido durante a execução de algum trabalho seu e que possa compartilhar conosco? Alguma história de bastidores por exemplo…
A.M.: Tenho algumas que vêm à mente ... Em "Jason vai para o inferno", há uma tonelada de histórias engraçadas sobre aquela filmagem, mas muitas das minhas favoritas são sobre os efeitos e meu relacionamento com os caras da KNB (Robert Kurtzman, Greg Nicotero e Howard Berger).
Por exemplo, em um ponto, os caras do KNB perceberam que eu adorava ajudar a vestir o FX sozinho, então o brilhante Howard Berger, o “B” do KNB, fez para mim um coldre de cinto que tinha esses baldes laterais fundos que eu usaria no set. Um balde lateral tinha sangue cenográfico e o outro lado tinha coisas de gato.
Eu tinha duas conchas que poderia usar para espirrar os líquidos viscosos ao redor do cenário como um pistoleiro demente! Foi demais! Na cena em que puxamos Jason para o inferno, havia todos aqueles enormes braços de boneco de lama. Bem, a certa altura os braços começam a agarrar o herói do filme, Steven, interpretado pelo incrível John D. Lemay, e puxá-lo para o inferno também.
Portanto, precisávamos de todas as mãos no convés, literalmente. Então, chego debaixo da plataforma com Greg Nicotero para mostrar como quero que os braços se comportem em cena. O único problema é que não podemos realmente ver o que estamos pegando. Em um ponto do filme, você verá um braço de lama agarrar a bunda de John e um braço agarrar sua virilha. Esse era Greg em sua bunda e eu em sua virilha.
Aaah, fazer filmes rende muitas histórias. Kane (Hodder) costumava pregar peças no elenco e na equipe. Então, tínhamos esse boneco de Jason em tamanho real que explodimos no filme. Kane ficava com a fantasia completa e ficava congelado em um corredor e as pessoas pensavam que era o boneco. Então Kane agarrava as pessoas quando elas passassem. Ele foi implacável com Dean Lorey. Ele o enganava pelo menos uma vez por dia. Hilário! Em Secret Santa (2018), uma coisa incrível que aconteceu neste filme quando fomos até Big Bear Lake para filmá-lo: nevou um recorde de quase 2 metros de neve enquanto íamos para a produção. Estávamos totalmente presos pela neve. Tivemos um dia para preparar o set, mas NÃO tínhamos eletricidade! Nós "vestimos" o set e fizemos todo o trabalho de preparação à luz de nossos telefones celulares. Não é brincadeira! Então, nos onze dias seguintes, ficamos presos pela neve.
Isso uniu o elenco e a equipe para o resto da vida, eu acho. Foi a melhor viagem de acampamento de todos os tempos! Secret Santa, foi o primeiro filme que fiz com a Skeleton Crew. Minha equipe!!! É disso que trata o Skeleton Crew. Consequentemente, pude fazer o filme exclusivamente com pessoas que amo. Cada segundo foi o melhor momento que já tive em um set. Mas devo dizer que meus dois momentos favoritos foram quando terminamos a sexta noite do filme e estávamos todos indo para a cama quando o sol nasceu. Bob Kurtzman, a lenda e gênio da maquiagem e um dos meus amigos mais próximos dos últimos 25 anos, veio até mim e disse: “Obrigado”. Fiquei chocado e respondi: “Não, cara, obrigado”.
Ele então disse que estava me agradecendo porque sentia que o trabalho que estávamos fazendo o fazia lembrar por que ele amava fazer filmes, “É a melhor experiência que tive nos últimos dez anos”. Então ele me abraçou. O momento mais legal que já tive no set.
M.V.: Que bacana. Tive a honra de entrevista-lo também.
A.M.: Que legal. Vou ler.
O segundo momento foi quando Bob (que também filmou a segunda unidade no filme) e eu estávamos um ao lado do outro na oitava noite de filmagem. Estávamos fazendo uma cena em que três membros da família confrontam uma pessoa que fez uma coisa muito ruim e a cena tem cerca de 7 páginas de diálogo. É tudo muito intenso emocionalmente e os atores estavam todos em lágrimas. Filmamos a cena em sequências completas para que os atores pudessem realmente mergulhar nas emoções do texto. Foi simplesmente incrível. Bob se virou para mim depois de uma tomada particularmente incrível e sussurrou: "Cara, você não vê coisas assim em filmes de terror". Sim, esse é o meu momento de maior orgulho.
5) Se pudesse, por um dia, ser um diretor (ou diretora) do cinema clássico (de qualquer país) e através deste dia, ver pelos olhos dele (a), uma obra prima sendo realizada, quem seria e qual o filme?
E claro…porque?
A.M.: Se eu pudesse ser um diretor de um filme clássico? Uau, essa é uma grande pergunta! Existem tantos artesãos brilhantes que fizeram filmes que adoro. Eu adoraria estar no set com Katharine Bigelow fazendo “Quando chega a escuridão” ou “Estranhos prazeres”. Eu teria adorado estar com George Miller assistindo ele criar Mad Max ou ainda melhor, Mad Max: Estrada da fúria. Eu adoraria ser Alan Parker no set de qualquer um de seus filmes, mais especificamente ”Mississípi em chamas” ou “Fama”. Ou Dario Argento filmando Suspíria. Ou ainda David Lean enquanto filmava Lawrence da Arábia. Ou mesmo Brian De Palma em “Um tiro no escuro”!
Mas para mim, o senso de admiração que tenho por Steven Spielberg é o que me atraiu mais para os filmes do que qualquer outra coisa. Para mim, olhar através dos olhos dele no set de Tubarão, que até hoje considero o filme mais bem dirigido de todos os tempos, seria uma experiência marcante. Ele era tão jovem quando fez o filme, apenas alguns anos mais velho do que eu, quando fiz “Jason vai para o inferno”, e tinha a persistência para que, embora tudo estivesse dando errado ao seu redor, manter o centro de seu filme enraizado na sua força e visão.
Uma visão inabalável. E, a propósito, enquanto ele estava fazendo aquele filme, ele estava escrevendo o roteiro de “Contatos imediatos do terceiro grau”. Outra obra-prima. Adoraria ver como ele navegou nas águas, literal e figurativamente de sua própria produção. Ou ver sua preocupação de que poderia ser demitido daquele filme todos os dias, se tornar um dos maiores triunfos do cinema, que mudaria o curso da história cinematográfica.
6) Agora voltando à sua área de atuação. Qual trabalho realizado você ficou profundamente orgulhoso? E em contrapartida, o que você mais se arrependeu de fazer, ou caso não tenha se arrependido, teria apenas feito diferente?
A.M.: Você sabe, sou orgulhoso do meu trabalho. Não quero dizer nada disso para me gabar. Eu simplesmente gosto muito do que faço. Então, seja meu material de terror, como Jason vai para o inferno ou O Massacre da serra elétrica 3D: a Lenda continua de 2013, que roteirizei. Ou minha comédia romântica, “Let It Snow”, gosto dos filmes que fiz, mas... O trabalho de que mais me orgulho é criar a produtora Skeleton Crew, onde fiz ... Secret Santa. É o filme de que mais me orgulho, porque o fiz da forma que queria. Escrevi o filme em 21 dias e o filmei em 12. Sou super orgulhoso dele.
Eu amo a dinâmica das relações familiares. Todo mundo está em lados opostos da cerca política nos dias de hoje. Este filme foi feito para mostrar o que pode acontecer se dissermos às pessoas que estão mais próximas de nós coisas que não devemos dizer. Como seria se toda a sua família dissesse o que pensa de você. O filme se passa durante o jantar de Natal da família Pope! Normalmente um tempo para traição e julgamento silencioso e aniquilador. Para os Popes, a tradição consagrada pelo tempo do sarcasmo passivo-agressivo é sempre mascarada com um sorriso.
Mas não este ano (do filme, claro)... April Pope, a filha de ouro da família, está limpa e sóbria e trabalhando seus 12 passos. Ela tem uma nova vida e um novo namorado incrível e está pronta para fazer as pazes com sua família. April acredita que a festa de Natal de sua mãe Shari, que terá ainda Papai Noel secreto (tipo “amigo secreto”), será o momento perfeito para o perdão. Seu dom e ato de confissão ajudarão a curar as tensões de todos os seus entes queridos. Mas outra pessoa tem outras intenções... E esse alguém decidiu dar a todos um gostinho do seu próprio remédio. Literalmente.
O caos se instala quando quase todos perdem a máscara de civilidade e começam a dizer tudo o que sempre quiseram dizer. Mas ninguém sabe como ou por quê. Antes que você perceba, dizer o que você quer se transforma em fazer o que você quer. E a mesa do feriado logo fica vermelha. É um massacre de Natal, pois aqueles que não foram afetados tentam controlar e lidar com aqueles que foram. Neste ano, a verdade não dói. Ela mata!
É o primeiro filme da Skeleton Crew, a nova empresa que fundei com minha esposa, Debra e nosso amigo mais próximo, Brian Sexton, que é o melhor produtor que já conheci. Começamos esta empresa para fazer material de gênero que fosse mais mordaz e tivesse mais comédia, mas também contasse histórias sobre as coisas. Meus heróis são pessoas como George Romero e Tobe Hooper.
"Noite dos mortos vivos" não é tanto sobre zumbis, mas sim sobre o Vietnã. É sobre pessoas em desacordo. É sobre algo mais profundo. Skeleton Crew tem como objetivo descobrir novos talentos e contar novas histórias. Ao lado de fazer filmes todos esses anos, tenho ensinado atuação cinematográfica, escrita e direção por mais de duas décadas aqui em Los Angeles, e tenho mais de 60 alunos de atuação com quem trabalho todas as semanas. Eles são alguns dos melhores atores de L.A..
Eles são incrivelmente talentosos. Muitos deles você saberia no minuto em que visse seus rostos. Eles são pessoas que fazem participações como convidados na televisão, ou fazem pequenos papéis em filmes. Eles não conseguem entrar nos grandes papéis que seus talentos merecem.
Então, uma das coisas que fazemos é quando trazemos um diretor para o lado micro-orçamentário do Skeleton Crew, a primeira coisa que eu digo é “você tem 65 atores à sua disposição. Dê uma olhada, este é o grupo. ” Não muito diferente de Christopher Guest. Eu tenho um grupo incrível de pessoas que variam de quatorze a setenta e cinco. Temos um grupo multiétnico e multicultural de artistas brilhantes que podem fazer praticamente qualquer coisa. Ver esses talentos incríveis terem uma chance como essa tem sido totalmente gratificante. “Secret Santa” é um sonho há muito tempo.
Tenho um amigo, Timothy Eilers, que é um escultor brilhante que cria ENORMES adereços e cenários para filmes como Guardiões da Galáxia II e Jurassic World: Reino ameaçado, mas ele sempre quis ser um compositor, então pedi a ele para fazer a trilha do filme, e ele foi matador. É uma das melhores pontuações que já ouvi.
Além disto, Robert Kurtzman é um dos meus melhores amigos há 25 anos. Ele é um maquiador incrível e criador do FX Creature. Ele também dirigiu vários filmes. Mas neste, ele não apenas criou a insana maquiagem e a sanguinolência, mas também foi diretor da segunda unidade! Ele é um contador de histórias baste visual e nunca havia conseguido operar a câmera em um filme. Bem, isso aconteceu em Secret Santa. O objetivo da empresa é dar às pessoas a chance de fazer o que sempre quiseram fazer.
Mas o filme que se destaca é aquele que ainda não fiz. Estou sempre me perguntando qual é o que vou contar a seguir. Estou orgulhoso do meu trabalho, mas sempre estou animado com o que está por vir e com as novas histórias que vou contar. Também direi o dia em que minha brilhante companheira de redação e esposa, Debra e eu recebemos o telefonema de Tobe Hooper depois que ele leu nosso roteiro de “O massacre da serra elétrica” e nos disse que adorou e que: “Foi a verdadeira sequência de seu filme original ”. Sim, foi um dia incrível.
No que diz respeito a arrependimentos, só tenho alguns. Mas dizer sim para trabalhar com Val Kilmer foi a pior decisão que já tomei. Ele é uma pessoa horrível. Malvado, mesquinho, cruel com seus colegas atores e pior com diretores e escritores. Ele é a pessoa mais “não profissional” com quem tive o desagrado de trabalhar.
M.V. Curiosamente, entrevistei Richard Stanley, diretor da pérola do horror “Hardware – o destruidor do futuro” e ele também passou um perrengue incrível com Kilmer em “A Ilha do Dr. Moreau”, sendo inclusive demitido no processo da pré-produção.
Eu falo sobre o "Hardware – o destruidor do futuro" aqui: ➤ Filme
Eu falo sobre o "Ilha do Dr. Moreau" aqui: ➤ Filme
E a entrevista com ele, ➤ Richard Stanley
7) Para finalizar, deixe uma frase famosa do cinema que te represente.
A.M.: “É hora do show, pessoal”!-
Roy Scheider como Joe Gideon no filme “All That Jazz” de Bob Fosse.
M.V.: Obrigado Adam. Foi uma honra.
A.M.:: Eu quem agradeço, meu amigo. Obrigado.